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O problema da segurança é mais embaixo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O problema da segurança é mais embaixo

O governo não demonstra ter estratégia ampla para resolver. Não traz nada de original ou inovador. Tampouco a oposição inspira convicção de que trará algo de diferente
Tipo Opinião
APOSTA do Ceará contra violência tem batido na mesma tecla (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE APOSTA do Ceará contra violência tem batido na mesma tecla

Foi aprovado pela Assembleia Legislativa o projeto do governador Elmano de Freitas (PT) que permite ao Estado “comprar” um terço das férias de policiais. O objetivo é ter mais profissionais de segurança nas ruas. É uma das ações de maior impacto anunciadas após a morte de dois estudantes na escola Professor Luis Felipe, em Sobral, no fim de setembro. É uma medida que pode ser positiva, mas atesta que o governo não sabe como resolver o cenário de violência. A iniciativa pode ajudar, mas não é isso que resolverá o problema das facções. Sempre que é questionado, o chefe do Poder Executivo elenca investimentos nas tropas, contratação de policiais etc. Certo, e o que mais? Isso tudo é mais do mesmo. O que há de estratégia mais ampla contra organizações criminosas? Qual é o plano? O que já de original e inovador? Porque, convenhamos, após uma década e meia de crise aguda, é preciso tentar algo diferente. Não percebo confiança de que se sabe o que se está fazendo nem a crença em resultados de longo prazo. Está se enxugando o iceberg. E o Titanic vem avariado há bastante tempo.

Não me parece que a resposta tampouco seja o genérico discurso da inteligência. O enfrentamento às facções representa um desafio novo e não há soluções novas em vista.

Talvez a pior parte seja o fato de que a oposição é muito boa em criticar — e nisso faz a parte dela — mas também não vejo ideias do que farão para resolver. Não inspiram convicção de que farão a diferença e trarão soluções. Até porque alguns dos melhores e mais qualificados nomes da oposição estavam do lado do governo quando a situação se agravou.

A tiktokização da política e as gracinhas para gerar cortes complicaram Tarcísio

O governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) se desculpou por uma declaração que é produto da convergência entre os déficits de sensibilidade e de discernimento. Diante das intoxicações por metanol, com cinco mortes confirmadas no Estado, ele quis fazer graça: “No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar... Ainda bem que ainda não chegaram nesse ponto. Coca-Cola, até aqui, não”. A fala é chocante. O pedido de desculpas, constrangedor. Governante não está lá para se preocupar e com os problemas dele. Tem de solucionar as questões que afetam a vida da população. Não cabe gracinha em assunto que envolve vidas.

Tarcísio quis, por um lado, fazer média com o segmento religioso e dizer que não toma bebida alcoólica. Outro intento foi usar essa linguagem política hegemônica em que tudo tem de virar piada e render corte para viralizar. Conseguiu, de jeito que não pretendia.

Por que Luizianne foi a Gaza

Tem chegada ao Brasil prevista para esta quinta-feira, 9, a delegação brasileira que integrava a missão humanitária que tentou chegar a Gaza e foi impedida por tropas israelenses. A deputada federal Luizianne Lins (PT) é uma das integrantes. Nas redes sociais, muita gente critica o fato de ela estar lá. Ela gravou vídeo, ainda da embarcação, quando falou da concepção de socialismo internacionalista, que explicaria estar envolvida em questão que não envolve diretamente o Brasil ou o Ceará. Embora sob questionamento de várias pessoas, parece-me que a postura da ex-prefeita de Fortaleza encontra respaldo em muitos dos que nela votaram. Não é uma atitude fora de sintonia com aquilo que ela defende.

Mas e a Câmara?

Muita gente aponta a ausência de Luizianne quando pautas importantes passaram pela Câmara. É questionamento válido. Ela até participou remotamente de algumas sessões e chegou a votar. Mas houve momentos em que não conseguiu, como no segundo turno da PEC da blindagem. A população está certa em cobrar a presença de seus representantes, ainda mais em momentos cruciais. Mas as viagens são parte da atividade parlamentar. Sem a mesma repercussão, de setembro para cá, houve deputados federais em missões oficiais em Amsterdam (Países Baixos), Bruxelas (Bélgica), Cidade do México, Genebra (Suíça), Kleinmond (África do Sul), Kuala Lumpur (Malásia), Lisboa (Portugal), Marselha e Paris (França), Menlo Park, Orange County, Palo Alto, São Francisco e Washington (EUA) e Sydney (Austrália). Congressistas brasileiros foram há algum tempo aos Estados Unidos, onde um dos compromissos foi visita ao ex-deputado George Santos, que depois seria cassado e preso. Outra comitiva, também com cearense, esteve recentemente com a deputada Carla Zambelli (PL-SP), que está presa na Itália.

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