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André, cujo pai orou para Lula morrer, quer premiar policial que mais matar seres humanos
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

André, cujo pai orou para Lula morrer, quer premiar policial que mais matar seres humanos

O deputado tem voto de muitos cristãos. Ele defende anistia a aliados condenados. Quer a execução na rua de gente que não foi julgada nem teve direito a defesa?
Tipo Opinião
Deputado federal André Fernandes (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados Deputado federal André Fernandes

O deputado federal André Fernandes (PL) enviou ao Estado do Ceará uma emenda parlamentar para compra de armas de fogo para a Polícia. Ele disse esperar que policiais matem "muitos bandidos". Falou mais: irá condecorar policiais que mais tirarem a vida de traficantes e membros de facção criminosa. O parlamentar tem voto de cristãos. O pai dele, deputado Alcides Fernandes (PL), tem histórico como pastor — mas outro dia relatou ter dito a fiéis que já orou muito pela “morte” de Lula e que não funcionou.

Alguém morrer é uma consequência possível do trabalho policial, mas eu duvido que os profissionais corretos, éticos e conscientes do dever de servidor público na área de segurança saiam de casa com objetivo de matar uma pessoa. Para qualquer um, e para um cristão com componentes da ordem da transcendência, a morte de alguém não deve jamais ser uma meta.

Quem julga, condena e executa a sentença de morte?

André Fernandes e o partido que ele preside no Ceará, o PL, estão em campanha que dizem ser humanitária, pela anistia a condenados por crimes contra a democracia. Entre os quais está, de forma confessa, um plano para assassinar altas autoridades da República. O julgamento ocorreu para todo mundo ver.

O deputado envia armas na esperança de que policiais usem de forma letal contra traficantes e membros de facção. Mas, quem irá dizer quem é traficante e membro de facção? Eles serão julgados? Terão direito a defesa? Porque para os aliados políticos — hoje condenados no Supremo Tribunal Federal (STF) — o discurso é de que há cerceamento de defesa, perseguição, penas exageradas etc e tal. O mesmo sujeito quer a lei do faroeste? A rua é a última instância? Não vê risco de vidas de inocentes serem tiradas?

Até quando sustenta?

Guarde a imagem de André Fernandes defendendo o que defende. Porque numa campanha eleitoral lá na frente, esse tipo de coisa será cobrada. É essa a visão de Estado e de segurança do principal líder de oposição no Ceará?

E tem sido muito comum, na hora em que precisa do voto majoritário, político aparecer com a cara mais compungida para se desculpar, dizer que errou, que era jovem e imaturo e se arrependeu. A verdade é que esse é André Fernandes, convicto. Está em ato parlamentar consciente. Vejamos se sustenta em campanha majoritária.

O pai dele, que quer ser senador, quando repercutiu mal a “oração para Deus matar o Lula”, não sustentou. Argumentou que falava de uma coisa que ele de maneira alguma tinha dito, que se referia a “morte política”. Não havia menção a isso. Mas é muito comum, quando a coisa esquenta, tentarem remendar o que falaram. Vamos anotar.

Para lembrar o que Alcides disse e depois quis desdizer:

 

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