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Disputar o governo é passo atrás para Ciro?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Disputar o governo é passo atrás para Ciro?

Entre perder para presidente, como ocorreu com ele quatro vezes, e ganhar para governador do Ceará, a segunda opção me parece mais interessante. Mas uma derrota local será um golpe e tanto, inclusive na imagem nacional
Tipo Opinião
 CIRO Gomes pode concorrer a governador após 36 anos (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES CIRO Gomes pode concorrer a governador após 36 anos

Depois de quatro eleições presidenciais, ser candidato a governador do Ceará será um passo atrás para Ciro Gomes? Depende.

Ele estava em um projeto nacional desde a década de 1990. Verdade que voltou para ser candidato a deputado federal — e teve votação recorde. Também chegou a ser secretário no governo do irmão.
O fato é que Ciro está no pior momento eleitoral. O resultado de 2022 foi pesado. O pleito de 2024 não foi melhor para os candidatos que apoiou — notadamente José Sarto (PDT).

Portanto, parece-me que faz sentido ele optar por um recuo estratégico. Antes de 2022, Ciro sempre se lançou nacionalmente com uma sólida base local. Isso ele deixou de ter. Tem lógica ele buscar reconstruir esse alicerce.

Se será ou não um passo atrás, eu escrevi que depende. De quê? Do resultado. Entre perder para presidente, como ocorreu com ele quatro vezes, e ganhar para governador do Ceará, a segunda opção me parece mais interessante. Mas uma derrota local será um golpe e tanto. Inclusive na imagem nacional dele.

Mas, francamente, 2022 foi um resultado tão devastador que não sei se Ciro tem tanto assim a perder ou a preservar. Concorrer como oposição no Ceará é sempre difícil, mas, em 2022, ele não ficou nem em segundo lugar em um município do Estado. Nem Sobral. Em Fortaleza, onde tinha aliado na Prefeitura, não foi mais que terceiro em nenhum bairro. Mesmo que perca, se fizer uma boa figura, poderá reaglutinar o grupo político. E chances de ganhar ele tem.

Girão disposto a disputar

O senador Eduardo Girão (Novo) repete que é pré-candidato a governador. Ele elogia Ciro, mas acha que ele não representa os valores conservadores. Ele admite acordo para não concorrer, mas em nome de um candidato que represente esses valores. E que tenha histórico vinculado a esse campo — algo que não enxerga em Ciro nem em Roberto Cláudio. Se o candidato for um dos dois, Girão tem intenção de disputar, para dar opção a esse eleitor conservador. O senador afirma que está feliz no Novo, mas reconhece que mantém conversas com o PL.

Reeleição

Girão não pretende buscar um novo mandato de senador. Diz que sempre foi contra a reeleição e considera oito anos de mandato já muito tempo. Mas acredita que, se fosse concorrer, estaria em posição muito boa para recondução. Ele ressalta que enviou emendas para todos os 184 municípios — o que significa que os prefeitos sabem que ele não irá perseguir ninguém.

Base afinada

Na base aliada, o movimento dos últimos dias foi a declaração de José Guimarães que, no Jogo Político, admitiu levar a decisão sobre candidatura a senador a voto dentro do PT, no caso de não haver acordo. O deputado controla a maioria petista há mais de três décadas. A situação mudou de 2022 para cá, com a força de Camilo Santana. Mas não me parece que o resultado seria fácil de prever.

Diante disso, O POVO procurou os três principais caciques do governismo estadual. Camilo, o governador Elmano de Freitas (PT) e o senador Cid Gomes (PSB) mostraram rara consonância. Evitaram qualquer manifestação, ou mesmo sutil sinalização. Disseram apenas que a decisão ficará para o próximo ano. Cid nem mesmo defendeu aquilo que ele próprio já apregoou publicamente — uma candidatura do PSB a senador, com o deputado federal Júnior Mano indicado.

Se não for sintonia astral, o trio está bem afinado para evitar uma crise pública.

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