Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A federação entre União Brasil e Progressistas tem divisões. O próprio União Brasil também tem diferentes posições internas. Assim como o PL. E Eduardo Girão é contra entregar a liderança da oposição a Ciro e Roberto Cláudio
Foto: FÁBIO LIMA
CAPITÃO Wagner, Roberto Cláudio, André Fernandes
Coalizões costumam ser ecléticas, é a natureza delas. Umas mais e outras menos. Na base governista estadual, há diferentes forças em busca de espaços, principalmente nas candidaturas ao Senado. Há o PSB de Cid Gomes, o PSD de Domingos Filho, o MDB de Eunício Oliveira, o Republicanos de Chiquinho Feitosa, o Progressistas do clã Albuquerque — que está em federação com o União Brasil, que está no bloco de oposição. O PT mesmo tem diferentes grupos. Formação de alianças entre diferentes é mais comum para quem é situação e precisa de governabilidade. Mas, em um estado com as características políticas do Ceará, é natural que a oposição busque um arco amplo, e diversificado, para ser competitiva. Quando José Airton Cirilo (PT) se tornou a primeira ameaça real ao grupo de Tasso Jereissati (PSDB), em 2002, reuniu no segundo turno uma frente que contava com Eunício Oliveira, Sergio Machado, Welington Landim, Moroni Torgan e outros mais. Naquela ocasião, as forças oposicionistas se uniram ao PT contra o PSDB, de quem a maioria deles havia sido aliada. Agora, a união ocorre provavelmente em torno do PSDB, com Ciro Gomes, contra o PT, partido do qual o próprio Ciro e Roberto Cláudio eram aliados até 2022.
Como mencionei acima, o governismo costuma ser mais eficaz na formação dessas amálgamas. Porém, a oposição avançou de forma substancial do ano passado para cá. Grupos que se fragmentaram em três candidaturas na eleição para a Prefeitura de Fortaleza agora estão juntos. Mas há ainda barreiras a superar.
O União Brasil está dividido internamente entre a direção oposicionista e parte dos parlamentares que são base. A federação União Brasil-Progressistas tem ainda este último como situação. No plano nacional, uma das estrelas do União Brasil, Ronaldo Caiado, governador de Goiás, trava polêmicas públicas com Ciro Nogueira, presidente do Progressistas.
A construção é complexa e os envolvidos sabem disso. Mas o processo avança bem. E também não é necessário que uma chapa seja o paraíso da unidade. Nenhuma nunca é.
Obviamente, em caso de vitória, diferenças simples agora precisam ser esmerilhadas, como diz Ciro Gomes. Mas esse não é problema para agora.
É melhor sofrer no poder do que longe dele, ensinou Antônio Carlos Magalhães depois da última e maior derrota eleitoral.
O que Tiririca terá na política do Ceará?
O deputado federal Tiririca, cuja carreira parlamentar foi toda por São Paulo, resolveu transferir o título de eleitor para Itapipoca, no Ceará, a terra natal. Trocou ainda o PL pelo PSD. O movimento é resultado do esgotamento do projeto na política paulista. Ele surgiu como fenômeno. Em 2010, foi o deputado federal mais votado do Brasil, com 1.348,295 de votos e o slogan “pior do que tá não fica” (ficou sim). Em 2022, foi o eleito com menos eleitores em São Paulo: 71.754. Entrou porque o ex-partido teve alguns prodígios que o puxaram.
Tiririca chegou a anunciar, em 2017, que não seria mais candidato. Mas voltou em 2018 e de novo em 2022. Em São Paulo, extraiu o que foi possível e percebeu que a piada cansou.
A mais recente eleição foi impulsionada pelos votos de dois candidatos que não deverão concorrer em 2026. A mais votada do PL, Carla Zambelli, está presa na Itália. Eduardo Bolsonaro está em autoexílio nos Estados Unidos.
Exauridas as possibilidades na política paulista, ele se volta à terra onde nasceu. A conferir o que o eleitor cearense dará a ele.
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