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Quem promete solução simples para problema complexo ou é trouxa ou picareta
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Quem promete solução simples para problema complexo ou é trouxa ou picareta

O assunto se transformou em palanque para gente a quem falta conhecimento ou/e boa-fé
Tipo Opinião
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POLICIAMENTO em Fortaleza em bairro que passou por conflito de facções (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS POLICIAMENTO em Fortaleza em bairro que passou por conflito de facções

Apesar de não haver acordo, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), marcou para esta terça-feira, 18, a votação do projeto de lei antifacção. Aliás, dizer que não há acordo é eufemismo. Ninguém parece estar satisfeito com o Frankenstein construído pelo relator Guilherme Derrite (Progressistas-SP). Tanto a base do governo, a começar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quanto a oposição bolsonarista reclamam da proposta.

O assunto se transformou em palanque para gente a quem falta conhecimento ou/e boa-fé. O marco legislativo a ser construído tem objetivo de atualizar a infraestrutura do Estado brasileiro para o enfrentamento ao crime organizado. Não vejo quase ninguém preocupado com a arquitetura desse modelo. Em compensação, não falta gente interessada em vociferar, posar de macho e explorar eleitoralmente.

Uma ressalva: segurança pública é tema da eleição. Precisa ser. Provavelmente o tema mais importante. É necessário haver cobrança e crítica. Nem vou ao requinte de esperar que sejam apresentadas propostas. Acho que é justo demandar. E ao eleitor cabe avaliar se quem critica demonstra condições para fazer melhor. O que acho imprescindível é levar a discussão para a racionalidade.

É muito fácil levar o debate sobre segurança pública para a esfera da emoção. Envolve o medo das pessoas. Faz aflorar o que há de mais primitivo no ser humano. Equilíbrio e ponderação não têm a mesma capacidade de mobilização de usar imagens de impacto e tons sombrios.

O discurso emotivo funciona com fins eleitorais, mas distorce as questões reais. No pragmatismo que envolve o jogo do poder, ele funciona. Do ponto de vista de uma reflexão pública honesta, é uma fraude.
Nada mais enganador do que prometer resolver de forma fácil uma questão tão intrincada e delicada. Afirmar que basta coragem, basta agir com força, ser macho que vai dar jeito.

Prometer solução simples e rápida para um problema dessa complexidade é indicativo de falta de inteligência ou falta de caráter. Talvez das duas coisas.

O impacto para a direita com Bolsonaro fora de cena

Jair Bolsonaro (PL) está em prisão domiciliar, foi condenado e começará a cumprir pena nas próximas semanas. O presidente Lula lidera as pesquisas, embora os mais recentes levantamentos deem sinais preocupantes para ele. Todavia, a direita hoje é uma força política mais consolidada. A esquerda depende mais de Lula do que a direita de Bolsonaro. Sem o ex-presidente, o conservadorismo será competitiva no próximo ano. A esquerda sem Lula não seria.

Mas, sem o principal líder, a direita perde o fator de unificação. Com ele fora de cena, a tendência é de fragmentação. O POVO sinalizou isso logo após a condenação. O processo está em andamento. Eduardo Bolsonaro (PL) entra em colisão com Tarcísio de Freitas (Republicanos) e outros governadores. Carlos Bolsonaro (PL) bate de frente com a deputada estadual Ana Campagnolo (PL-SC). Entre outros atritos.

A direita se uniu em torno de Bolsonaro não por gosto, não por unanimidade. As tentativas de dissidência até aqui deram com os burros n’água. Por isso ninguém hoje nesse campo tenta disputar a hegemonia com o bolsonarismo. Há uma disputa em curso para suceder a ele.

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