Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
É evidente que o ex-presidente tinha de ter sido preso. A tentativa de romper a tornozeleira torna inequívoca a decisão. Não há polêmica. As argumentações que se tentou construir logo desmoronaram
Foto: STF/Divulgação
STF revela que Bolsonaro usou ferro de solda em tornozeleira eletrônica
O Brasil atravessou, entre a noite de sexta-feira, 21, e o sábado, 22, momentos de absurdo e desatino que ficarão marcados na história. Quer tenha sido realmente alucinação, paranoia, surto de Jair Bolsonaro (PL), com a crença de vozes vindas da tornozeleira, quer tenha sido uma tentativa rocambolesca de fuga, qualquer dos cenários é um disparate.
É evidente que o ex-presidente tinha de ter sido preso. A tentativa de romper o dispositivo de rastreio torna inequívoca a decisão. Não há polêmica. As argumentações que aliados, e mesmo advogado, tentaram construir no sábado pela manhã logo desmoronaram diante da confissão do ex-presidente.
Falou-se de perseguição religiosa, por causa da convocação de uma vigília. Faça-me o favor. As versões mudaram, as explicações eram estapafúrdias. Alegou-se exagero. Tentou-se fazer crer que tinha havido um defeito qualquer no rastreador. Tudo foi se esfarelando diante das evidências.
Alexandre de Moraes, aliás, tem sido bastante tolerante até com as posturas do ex-presidente. Medidas cautelares foram desrespeitadas. O magistrado mandou um aviso. Novas desobediências. Determinou prisão preventiva. Algo pouco usual para preso que descumpriu cautelares, teve direito ao recolhimento domiciliar. E aí tentou romper o equipamento. Não era caso de ir para regime fechado?
Ora, se o então deputado Jair Bolsonaro fosse chamado a opinar, diria que a Justiça estava dando regalias demais ao réu. Pode-se alegar que as determinações não foram descumpridas, mas estava evidente que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu diferentemente. Se queria evitar agravamento, poderia ter se precavido.
Tudo isso na mesma semana em que um aliado do ex-presidente, também condenado, fugiu do Brasil e foi para os Estados Unidos. Segundo diz, com suporte da Casa Branca.
O papel dos filhos para a prisão de Bolsonaro
No sábado, já com o pai preso na Polícia Federal, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) disse ser justo que os acusados de tentativa de golpe tentem fugir. Não era o caso de tomar todas as precauções? Aliás, os filhos fizeram bastante pela prisão do pai. Eduardo aprontou uma crise diplomática com os Estados Unidos. Flávio Bolsonaro (PL) publicou mensagens do ex-presidente em redes sociais, quando ele estava impedido de fazê-lo. Na sexta-feira, 21, conclamou vigília para “com a sua força, a força do povo, a gente vai reagir e resgatar o Brasil desse cativeiro que ele se encontra hoje”.
Argumentos
O episódio, mais que todos, expôs como os aliados de Bolsonaro fabricam versões para justificar o injustificável. E como o fazem sem o menor fundamento, sem saberem do que estão falando e sem se preocupar em ser coerente com os fatos.
Evandro à la Maquiavel
O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), havia antecipado ao colega Henrique Araújo que a passagem de ônibus iria aumentar. O anúncio oficial veio na manhã de sábado. Quando todo mundo prestava atenção na notícia política mais importante do ano. É do jogo da política.
O aumento de 90 centavos na passagem de ônibus é, em números absolutos, o maior da história de Fortaleza. O recorde anterior era o reajuste mais recente, concedido em 2023 pelo então prefeito José Sarto (PSDB). Havia sido de 60 centavos.
Percentualmente, o índice anunciado pela gestão Evandro, de 20%, é o maior desde 2003. Na época, o então prefeito Juraci Magalhães elevou a tarifa de R$ 1 para R$ 1,50. Alta de 50%.
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