Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A relação do eleitor com governantes já foi pragmática. Votava em quem melhorava a vida dele. Hoje, cada vez mais, é realmente parecida com a mantida com time de futebol. É trabalhoso virar voto
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
LULA precisa suar para virar votos
O presidente Lula fez um paralelo nesta semana entre a polarização política e a postura de torcedores de futebol. Citou até o Clássico-Rei, entre Ceará e Fortaleza, como exemplo. O resultado disso, conforme ele considerou, é que as pessoas dificilmente alteram a avaliação sobre os políticos. “Você tem uma rivalidade onde ninguém muda de posição a não ser em momentos extremos”. O presidente tem sua razão.
Falta uma semana e meia para o ano terminar. Pelo ritmo dos acontecimentos em 2025, tempo suficiente para três reviravoltas e quatro crises. Mas, no panorama de agora, Lula deve terminar o ano bem melhor do que começou. Entrou o ano sob bombardeio acerca da fiscalização do Pix. Termina com resultados favoráveis e a perspectiva de entrada em vigor da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Trata-se da medida mais popular do mandato. Enquanto isso, o principal opositor está condenado e preso.
O desempenho do presidente é hoje melhor nas pesquisas do que no começo do ano. Ele ganharia em praticamente todos os cenários. Mas, a rigor, a diferença é pequena. Bem menor que a diferença de conjuntura.
Nisso Lula tem razão. Por mais que a situação mude, é improvável um bolsonarista passar a aprová-lo. Do mesmo modo como, por pior que esteja, é difícil perder apoio da população de esquerda. O mesmo valeu para Bolsonaro, mas no sentido inverso.
A relação do eleitor com governantes já foi pragmática. Votava em quem melhorava a vida dele. Hoje, cada vez mais, é realmente parecida com a mantida com time de futebol. Há até o torcedor que só comparece na boa. Mas os fanáticos mesmo estão juntos na alegria e na tristeza. Não é uma situação positiva. A percepção dos governos depende mais de juízos prévios que dos resultados práticos.
Hoje, por isso, é trabalhoso virar voto. Para os partidos hoje, mais importante que levar benefícios concretos à população é arregimentar seguidores fiéis, que defendem mesmo se não merecerem.
Trump, o petróleo, a Venezuela e a democracia
A situação da Venezuela é crítica. A escalada do autoritarismo ao longo das últimas duas décadas, ou três, é motivo de preocupação. Mas se há uma coisa que se precisa reconhecer sobre Donald Trump é que ele não costuma esconder o que pensa e pretende. O presidente dos Estados Unidos falou sobre o regime venezuelano: “Eles tomaram todo o nosso petróleo não faz muito tempo. Nós o queremos de volta”.
A relação dos Estados Unidos com a Venezuela é conturbada desde que Hugo Chávez foi eleito. Ele foi alvo de uma tentativa de golpe, pois a oposição está longe de ser expoente da democracia. Mas a escalada autoritária e as fraudes eleitorais do chavismo e do madurismo são evidentes. A forma como se tomou o controle da Suprema Corte inspirou o que o bolsonarismo cogitou em certo momento.
Porém, Trump escancara que o problema, para os Estados Unidos, é o mesmo do Oriente Médio: petróleo. Democracia é detalhe e pretexto.
Planos
Vale lembrar, em 2023, quando ainda não tinha retornado à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump falou do que teria feito com a Venezuela se tivesse sido reeleito em 2020. “Nós teríamos tomado o país e pegado todo aquele petróleo. Seria ótimo”.
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