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Quem comanda a tropa?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Quem comanda a tropa?

Tipo Opinião

Representantes de policiais militares e bombeiros fecharam ontem acordo com o Governo do Estado que foi rejeitado pela base. A situação é delicada e complexa, porque falta agora quem demonstre interlocução com o conjunto das corporações. Como ter diálogo racional com uma massa? Isso será feito por compartilhamentos em grupos de WhatsApp e lives nas redes sociais? Qual a autoridade dos negociadores quando e se voltarem a sentar numa mesa de negociação? Sem interlocução e sem negociadores respaldados, será difícil haver entendimento.

Impasse nas negociações

Para os líderes das associações de policiais, o entendimento seria uma vitória. A rejeição de um acordo os coloca em questão. Entre os policiais há quem questione os líderes. Há candidatos a surgirem - e isso passa por ambições políticas, é claro. O fato de ser ano eleitoral mexe com todos os envolvidos - governo, parlamentares e quem vislumbre que possa ganhar espaço. Novos líderes tentam surgir, mas não há ninguém habilitado no momento. É difícil imaginar que, no meio desse processo, alguém apareça e sente à mesa do governo na semana que vem. O que há são os que negociaram o acordo ontem rejeitado. Eles terão de mediar o entendimento.

O acordo de ontem ontem trazia conquistas financeiras e políticas. Conseguiu-se que o governo sentasse, revisse a proposta, concedesse ganhos. É algo que poucas categorias de trabalhadores no Brasil tê conseguido. Eles obtiveram redução das parcelas do reajuste, uma primeira parcela maior e incorporação de gratificações. Os líderes viram o quanto ganharam com isso. Não parece o bastante para parte da tropa.

Para o Capitão Wagner (Pros) a questão é particularmente complicada. Ele prepara seu mais ambicioso projeto político e precisará de sua militância com ele. Por outro lado, para quem tem pretensões majoritárias, demonstrar capacidade de diálogo e conciliar interesses conflitantes é um atributo necessário. O acordo seria uma vitória e tanto para ele.

Se tudo der certo para o Capitão, no ano que vem Wagner estará recebendo médicos, professores, guardas municipais com seus pleitos de aumento. Precisará ter em mente as necessidades das categorias, o que é justo e, acima de tudo, o interesse público de quem precisa desses serviços e quem paga esta conta. Não tem um real do poder público que não saia do bolso do contribuinte - eu e você, caro leitor.

O desafio da liderança

Para Camilo Santana (PT) a solução também seria um ganho político. O impasse coloca em dúvida o comando das corporações e da segurança pública. Os comandantes foram incumbidos de conversar com os comandados, explicar os números, defender as mudanças. Não parecem ter sido bem-sucedidos.

O Palácio, a área econômica fizeram sua parte ao chegar a entendimento com os representantes. Mas, na hierarquia militar, os comandantes lideram as tropas. A corporação deve tê-los como referência. Isso não parece ocorrer. Aliás, hoje a tropa não parece estar sob comando nem dos oficiais nem das entidades de classe. Complicado quando se fala de militares, organizados com base numa hierarquia.

Camilo e Roberto Cláudio na inauguração do centro cirúrgico do IJF 2, na quarta-feira passada
Camilo e Roberto Cláudio na inauguração do centro cirúrgico do IJF 2, na quarta-feira passada (Foto: FÁBIO LIMA/O POVO)

Camilo excluído

Por falar em Camilo, os principais caciques do PT cearense se reuniram com a presidente nacional, Gleisi Hoffmann, e fecharam acordo sobre o processo de escolha do candidato, ou candidata, à Prefeitura de Fortaleza. Chama atenção a ausência do petista em posto mais relevante no Estado. Camilo não foi nem mandou representante. Sobre a exclusão do governador das discussões, disse à coluna o ex-vereador e ex-presidente municipal da sigla, Deodato Ramalho: falta o governador demonstrar que quer estar nas discussões. E, para isso, Deodato considera pressuposto que Camilo encampe a ideia de candidatura própria do PT. Algo que Gleisi disse ontem já estar certo. O governador, todavia, defende acordo com o prefeito Roberto Cláudio (PDT).

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