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PT é onde Camilo menos apita
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

PT é onde Camilo menos apita

Tipo Opinião
Camilo tem se mostrado alheio às discussões do PT em Fortaleza (Foto: MAURI MELO/O POVO)
Foto: MAURI MELO/O POVO Camilo tem se mostrado alheio às discussões do PT em Fortaleza

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, visitou o Ceará, chamou os caciques do partido e deu a diretriz da sucessão em Fortaleza. Não foi vista com o governador Camilo Santana. Não se sabe de que tenha conversado com ninguém ligado a ele. A relação é estranha. Na Bahia, por exemplo, o governador Rui Costa conduz o processo de definição da candidatura. Sugeriu como opção uma policial, a coordenadora da Ronda Maria da Penha na Bahia, a major Denice Santiago. Com isso, provocou guerra interna no partido. Isso é do jogo. Mas, o governador participa e ativamente. No Piauí, o governador Wellington Dias também tem protagonismo e dá chancela à pré-candidatura do secretário da Cultura Fabio Novo. Wellington até tentou costurar um acordo envolvendo toda sua base aliada, mas parece que não vai dar. Facilita para esses governadores o fato de que uma capital é administrada pelo DEM e a outra pelo PSDB.

 

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Mesmo que o PDT seja um parceiro nacional do PT - que vive se estranhando, mas parceiro. Mesmo que Camilo esteja no governo muito mais por obra dos Ferreira Gomes que do PT, ainda assim não é normal o governador ficar de fora do debate.

Esse é um problema de origem do governo Camilo na relação com o partido. Na época, o PT não queria lançar candidato a governador. Já havia lançado José Guimarães a senador. Na época, grupo do partido lançou até um estranho documento intitulado "Manifesto de Apoio à Candidatura a Governador de outro Partido do Arco de Aliança no Estado do Ceará". Não era em apoio ao PDT, ou ao PCdoB, ou qualquer que fosse. Era de outro partido que não o PT. Guimarães àquela altura já rastreava que queriam impedi-lo de concorrer a senador.

Ocorre que, no núcleo Ferreira Gomes, havia temor de que Guimarães pudesse fragilizar a chapa inteira, que tinha como adversário Eunício Oliveira (MDB). Eles topavam outra candidatura do PT. Interlocutores diziam que aceitavam apoiar até Luizianne Lins. Achavam até interessante uma composição com ela. Somou-se a isso o fato de haver entendimentos entre Eunício e Luiz Inácio Lula da Silva. Para neutralizar, ao mesmo tempo, Lula e Guimarães, um PT virou candidato. Assim Camilo virou governador.

Camilo demonstra muita capacidade de negociação e articulação. Curiosamente, o partido sobre o qual ele menos consegue ter ascendência é o dele próprio.

Daí que, no O POVO deste domingo, Alan Neto informa que Camilo deverá deixar o PT para comandar o PSB. A chance de Camilo deixar o partido é cogitada há muito tempo. Em 2018, ele foi questionado sobre o assunto e disse não descartar a possibilidade - "Não descarto nada", respondeu. Mas ficou. Alan tem fontes quentes e bem informadas. Vamos aguardar.

A hipótese de Camilo sair do PT eu não sei se ela irá se concretizar. Sei que a relação do governador com o partido é bastante diferente da de outros governadores. Há estranhamentos e a perspectiva faz sentido.

Terceira via?

O entendimento havido no PT pretende evitar prévias. Maioria por maioria, o nome é da Luizianne. Mas, Guilherme Sampaio não parece disposto a entregar de mão beijada.

Há no partido quem acredite que, criado o impasse e com o acordo para não haver prévias, pode-se buscar uma terceira via. Não é muito o jeito do PT de resolver as coisas. É um estilo mais à moda Ferreira Gomes. Talvez mais camilista.

Ação em duas frentes
em relação aos policiais

Não se sabe ainda se o desfecho será diferente, mas as autoridades públicas no Ceará agem bastante diferente do que ocorreu no governo Cid Gomes, em 2011. Por um lado, o Palácio desta vez abriu diálogo. Por outro, endurece por mecanismos institucionais, que nem são do governo, mas do Ministério Público e do Judiciário.

 

Foto do Érico Firmo

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