Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A paralisação da Polícia Militar não começou em 2020. Aliás, não começou nem no governo Camilo Santana (PT). Seus impactos não terminam agora. Irá ecoar nos próximos governos. Os policiais param agora como eco do movimento de 2012. É uma das heranças de Camilo. Há oito anos, os policiais entenderam que são poderosa força política. Com poder para deixar o Estado paralisado, colocar o governo de joelhos. Houve reivindicações atendidas, suplente virou recordista de votação e quem nunca tinha se candidatado ganhou mandato. A memória é de uma vitória e um caminho a seguir.
Muitos dos que estão hoje na paralisação não integravam a corporação em 2012. Acompanharam de longe. Admiram, mas não viveram a história. Idealizam.
Seja qual for o desfecho do movimento, ele não pode deixar o recado de que um motim policial, contra determinação da Justiça e ao arrepio da lei, é algo que compensa, coisa da qual se extrai vitórias. Há o pragmatismo, há a restauração da ordem na segurança pública. Mas, acima de tudo, há um recado para o futuro, que não pode estimular a repetição do que se vive hoje.
Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública, houve três homicídios no Ceará na segunda-feira. Cinco na terça, em cujo fim da tarde começou a paralisação. Na quarta-feira, foram 29 homicídios. E 22 na quinta-feira. É uma tragédia.
O Capitão e a videoaula
Capitão Wagner não gostou de O POVO publicar vídeo dele em que dizia que greves de militares são "transgressão disciplinar grave". Disse que estão usando tudo para bater nele. Tudo, até um vídeo que ele gravou, publicado no canal dele no Youtube. Não foi gravado há 40 anos. É de 2019.
Ele, inclusive, mencionou que O POVO publicou outro vídeo dele, no mesmo dia, no qual ele pedia negociação. Cobrou coerência do O POVO. Ora, Capitão, desculpe-me. Seu argumento depõe a favor do O POVO. Mostra que publicamos seu discurso independentemente do teor. Se há vídeos seus com diferentes visões com diferença de um ano, não é de nós que se há de cobrar coerência. É de vossa excelência.
O Capitão é inteligente, tem visão política ampla. Admira-me que ele não entenda que seja notícia, sim, um vídeo no qual manifesta sua visão sobre paralisação por parte de militares.
O Ceará vive cenário de impasse. É improvável um desfecho positivo sem mediação do Capitão Wagner. Ele é o mais equilibrado dos representantes dos policiais, aquele com mais senso público. Não por acaso, é o principal dos líderes. Torço para que ele mantenha a serenidade em momento tão delicado.
Todavia, esperar de O POVO que não publique fato é algo que não podemos entregar, pelo dever com nosso leitor.
Geraldo Luciano segue candidato
O empresário Geraldo Luciano (Novo) chegou a se colocar fora da disputa eleitoral em Fortaleza. Porém, seu quadro segue indefinido. Iria assumir a vice-presidência do HapVida, critério que, pelas regras do partido dele, o Novo, o impedem de se candidatar. Ocorre que o anúncio de que iria para o cargo foi feito em dezembro e até hoje não tomou posse. Portanto, segue apto. Inclusive, participa dos eventos do Novo voltados para candidatos. Foi o único pré-candidato a prefeito aprovado na seleção da legenda. O Novo pretende ter candidato - o partido, inclusive, não permite alianças.
Porém, a articulação da campanha do Capitão Wagner (Pros) trabalha com firme crença de que Geraldo Luciano será vice da chapa. Eles têm tido conversas.
Todavia, até agora, Geraldo Luciano tem dito que será candidato mesmo, embora internamente se mostre hesitante. Na quinta-feira, ele se encontrou com o empresário Beto Studart e reafirmou ao ex-presidente da Fiec o interesse em disputar a Prefeitura.
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