Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O presidente Jair Bolsonaro definitivamente não entendeu algumas coisas, muitas, do cargo que exerce. Não entendeu que tem de governar para os brasileiros todos - inclusive quem não votou nele, quem é comunista, quem é gay, quem é feminista. E inclusive quem é nordestino. Ontem, o presidente se manifestou sobre a paralisação dos policiais no Ceará da forma mais atabalhoada possível. "Resolva esse problema, que é do seu estado", disse ao governador Camilo Santana (PT). Ora, presidente, o problema é do Ceará, sim, mas é também do Brasil, é de sua excelência. A ajuda federal não é favor. É obrigação. Os problemas dos cearenses são problemas do Brasil. São do presidente da República. Dentro das atribuições de cada um.
"A GLO minha não é ad aeternum. No passado era, com outro presidente, comigo não é." Aí que ele se embanana mesmo. Porque o decreto de Garantia da Lei e da Ordem não é dele, não é do Bolsonaro, é um instrumento do Estado brasileiro para situações dramáticas - como esta que o Ceará vive. E na qual não cabe política miúda.
O Ceará e o coronavírus
Num mundo hiperconectado, é natural que epidemias proliferem. A chegada do novo coronavírus Covid-19 era previsível. O Ceará tem vários casos suspeitos. É quase inevitável que haja confirmações, agora ou nas próximas semanas.
Trata-se de vírus com letalidade alta, capacidade de transmissão considerável - mais no frio - e para o qual enorme quantidade de pessoas não tem anticorpos. A propagação chegou a provocar conturbação social profunda em alguns lugares. Exige cuidados, obviamente. Mas, não há razão para pânico. Existem protocolos internacionais, procedimentos a serem adotados.
O Ceará tem vantagens e desvantagens nesse enfrentamento. O calor é uma vantagem contra a propagação, enquanto o frio a partir de junho pode ser um complicador ao sul do Brasil. Frio aqui não é problema.
Uma enorme desvantagem é o ponto de conexão que o Ceará se tornou. O Estado é ponto de passagem de pessoas, cargas, ligação também tecnológica. Há vantagens econômicas, culturais, sociais. Há impactos urbanísticos bons e ruins. E há desafios na saúde. Na segurança também. Mas, por ora vamos falar da saúde. Essa realidade, que é recente, exige que o Ceará tenha cuidados que outros lugares sem a mesma complexidade não têm. Administrar de modo que antes não era necessário aqui.
Um alento para a biblioteca
A Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) anunciou a professora e socióloga Glória Diógenes como diretora da Biblioteca Pública. A situação do equipamento é um dos pontos mais vexatórios do governo Camilo Santana (PT) até aqui. A biblioteca fechou para reforma no fim do governo Cid Gomes (PDT), em fevereiro de 2014. Está até hoje em reforma, com promessa de reinauguração este ano. Atravessou todo o primeiro governo Camilo e o primeiro ano deste governo.
A escolha de Glória Diógenes é uma sinalização positiva. É nome reconhecido na academia, capaz de conferir respeitabilidade a um equipamento cuja situação passou a ser de descrédito. Ao optar por alguém com esse peso, Camilo demonstra valorizar a biblioteca - uma área, aliás, muito cara ao secretário Fabiano dos Santos, o Piúba.
Glória também teve experiências na gestão pública. Foi presidente da Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci) na administração Luizianne Lins (PT) em Fortaleza. Foi também secretária municipal dos Direitos Humanos na mesma gestão.
Nem a trajetória acadêmica nem a experiência de gestão asseguram o sucesso, mas não são bom ponto de partida.
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