
Evandro Menezes de Carvalho é professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Cátedra Wutong da Univesidade de Língua e Cultura de Pequim. Nesta coluna, aborda geopolítica internacional com foco na Ásia
Evandro Menezes de Carvalho é professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Cátedra Wutong da Univesidade de Língua e Cultura de Pequim. Nesta coluna, aborda geopolítica internacional com foco na Ásia
A visita de Estado de Lula à China neste mês de maio e sua participação como convidado do 4º Fórum Ministerial China-Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) refinou ainda mais a relação do governo brasileiro com o maior parceiro comercial do Brasil. Foi anunciado 27 bilhões de reais de investimento chineses, sendo alguns deles destinados para projetos em estados do Nordeste, descentralizando os benefícios desta parceria para outras regiões do país. A empresa de energia renovável CGN aportará R$ 3 bilhões em seus complexos eólicos e solares no Piauí, a Baiyin Nonferrous anunciou R$ 2,4 bilhões para sua mineradora em Alagoas e a gigante de delivery Meituan anunciou uma central no Nordeste com um investimento de R$ 5 bilhões.
Esta visita contrastou com aquela que Lula fez em abril de 2023 que resultou em muitos memorandos de entendimentos e poucas medidas de impacto real. Era início do mandato de Lula em um cenário global marcado pela crescente rivalidade entre os EUA e a China. Havia uma expectativa do lado chinês de o Brasil anunciar sua participação na Iniciativa Cinturão e Rota. Expectativa frustrada. Mas o governo brasileiro nunca negou a importância da parceria estratégica com a China. O próprio Lula lembrou que o fluxo do comércio entre os dois países saltou de US$ 6.6 bilhões em 2003, quando assumiu a presidência pela primeira vez, para os US$ 160 bilhões atuais.
Agora a postura brasileira parece mais aberta ao aprofundamento e à ampliação desta parceria com a China. É importante destacar que foi a primeira vez que um presidente brasileiro participou do Fórum China-Celac. Oficialmente criado em 2015, este Fórum tornou-se uma plataforma de cooperação e diálogo entre a China e os 33 países da Celac cujo volume atual de comércio ultrapassa os 500 bilhões de dólares.
Com mais de 200 projetos de infraestrutura na região, o presidente Xi Jinping anunciou uma linha de crédito no valor de 66 bilhões de yuans para apoiar o desenvolvimento da América Latina e do Caribe. Além disso, declarou que seu governo apoiará 300 "projetos sociais pequenos, mas eficazes", em sintonia com a nova estratégia global da Iniciativa Cinturão e Rota desde 2023. Há um potencial de cooperação a ser explorado.
Sob qualquer ângulo, a China deve ser incluída na equação de qualquer iniciativa brasileira visando cumprir o preceito constitucional que determina que o Brasil deve buscar a formação de uma comunidade latino-americana de nações. Uma participação mais ativa no Forum China-Celac pode facilitar o alinhamento entre a nossa estratégia nacional de desenvolvimento e a Iniciativa Cinturão e Rota na América Latina.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.