Por Lucas Mota, repórter do Esportes O POVO

O principal conceito do Fortaleza sob o comando de Juan Pablo Vojvoda é intensidade. Isso ficou claro nos cinco jogos do Tricolor com o novo treinador. Mas como o Leão evoluiu e deu resposta tão rápida com apenas duas semanas de trabalho do argentino no clube? O meia da equipe, Matheus Vargas, entrevistado no programa Esportes O POVO (Canal FDR e Rádio O POVO CBN 95.5 FM), deu detalhes sobre a atuação do técnico que ajudam a entender o crescimento dentro de campo do time do Pici.

Em cinco partidas com Vojvoda, o Fortaleza goleou o Crato, Icasa e Atlético-CE, com vitórias por 6 a 0 e 6 a 1, bateu o Ceará por 2 a 0 na fase de grupos e empatou em 0 a 0 na final para ficar com o título. O retrospecto positivo inclui 20 gols marcados e apenas um sofrido.

Entre os sistemas táticos utilizados pelo argentino, o time atuou no 4-1-4-1, variando para o 4-3-3; o 3-4-3 com mudanças para o 3-5-2; e o tradicional 4-2-3-1. Dentro de uma única partida, a equipe consegue transitar por mais de um esquema, se moldando as ações do confronto e as características do adversário.

Na final contra o Ceará, por exemplo, o Leão iniciou a partida no 4-1-4-1, mas terminou o duelo no 3-4-3. Na marcação, o escrete tricolor ora se fecha com duas linhas de quatro, ora faz uma linha de quatro na defesa e outra com cinco atletas no meio de campo ou inverte.

Tão importante quanto os treinamentos no campo, o constante diálogo do treinador com os jogadores sobre postura tática, posicionamentos e conceitos de jogo foi crucial para a equipe encaixar. O argentino faz questão de se esforçar para tentar falar o português. O empenho do comandante contagiou o grupo. Os atletas abraçaram a filosofia do novo treinador e conseguiram, em tempo recorde, apresentar uma amostra do que pensa Vojvoda para o Fortaleza.

Vale ressaltar que os jogadores precisaram se adaptar a estilo de jogo completamente diferente do que vinham jogando. Com Enderson Moreira, o Tricolor adotava postura reativa e apostava no contra-ataque. Com o argentino, o time do Pici passou a ser agressivo e ter estratégia propositiva. Os atletas têm mais liberdade para ocupar o espaço vazio no campo. Não precisam guardar posição. A ideia é dificultar o máximo a marcação adversária com movimentação e intensidade.

"Ele tem um jeito de cobrança mais agressivo, ele quer que o jogador dele seja mais agressivo, tanto com a bola como sem a bola. Ele fala assim: 'meu time tem que jogar com a bola, mas se tiver que correr, a gente vai correr'. Ele cobra muito isso, que a gente tem que ser agressivo pra ter a bola. A nossa questão da pressão pós-perca (da bola), pressão (em bloco) alta, aumentou visivelmente. Você olha o Fortaleza e é um time que tem pressão alta. E isso foi justamente pela cobrança do Vojvoda", explicou Matheus Vargas ao programa Esportes O POVO.

Outro detalhe curioso sobre o método do treinador é mostrar vídeos da Premier League para a equipe. Desta forma, o comandante tricolor apresenta variações táticas, posicionamentos e postura tática que quer reproduzir no Fortaleza.

"Tem duas semanas que ele chegou, então é pouco tempo de trabalho. É mais conversa, ele gosta muito de mostrar vídeos da Premier League, que hoje é o melhor campeonato. Então a conversa dele é sempre para a gente chegar no ápice. Se hoje o ápice é a Premier, é o que ele passa. Ele chama o cara no individual, quase todo dia tem um cara que vai com ele pra assistir um vídeo, do próprio posicionamento, às vezes do outro jogador que joga na mesma função. Ele é um cara que dialoga muito bem conosco. Além do treinamento, ele fala que essa parte de vídeo, dessas coisas, também é um treinamento. Ele fala que a gente está treinando assistindo os melhores", contou Vargas.

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