De volta das férias, encontro os times cearenses na Série A da mesma forma: em ótimo momento. É, portanto, muito relevante que se faça o reconhecimento devido aos desempenhos de Fortaleza e Ceará no Campeonato Brasileiro. Lutando contra clubes com orçamentos muito maiores e folhas de pagamento altíssimas, os rivais dão orgulho aos seus torcedores. Pagar salários em dia, investir em infraestrutura e conhecimento não garantem bons resultados em campo, mas é muito mais fácil trilhar o caminho do sucesso com organização institucional, algo que Alvinegro e Tricolor, cada um da sua forma, têm conseguido há alguns anos, transformando o atual momento no mais positivo da história do futebol estadual.

Professor tricolor

Com 24 pontos em 36 disputados, o Fortaleza tem uma campanha notável. Mais do que a atual terceira colocação na tabela, com a melhor campanha como mandante — 16 pontos em seis jogos — chama a atenção a consistência tática do time, comandado por técnico que tem como grande capacidade passar as ideias de jogo de forma que os atletas conseguem absorvê-las na integralidade. É pouco tempo no Pici, mas Vojvoda vai deixando marcas históricas.

Resiliência alvinegra

Com 18 pontos, a campanha do Ceará é muito boa. A sétima colocação por si só deixa isso evidente. É muito difícil derrotar o time de Guto Ferreira, que tem conseguido superar a péssima fase que viveu nas quatro eliminações do semestre. É um sinal de resiliência importante, tanto que a equipe não perde há oito jogos, somando 14 pontos no período e lutando muito nas partidas, tanto que em muitas consegue vencer nos segundos finais.

Arthur Cabral

Quem terminou a temporada passada brilhando e começou da mesma forma foi Arthur Cabral. O atacante fez um gol maravilhoso, de bicicleta, na vitória do Basel-SUI sobre o Partizani-ALB por 3 a 0, nesta semana. Há muitos clubes interessados no futebol do jogador revelado no Ceará — notadamente na Alemanha, Holanda e Itália — mas o Basel faz jogo duro nos valores e só libera o centroavante pela multa integral, 20 milhões de euros, cerca de R$ 120 milhões. O fato é que a Suíça está pequena demais pra ele e que o Alvinegro ainda tem parte dos direitos na venda do atleta.

Gênio do mar

Entre os mais de 300 atletas brasileiros em Tóquio, minhas atenções estarão voltadas para o mais importante de todos, Robert Scheidt. Não há na história olímpica brasileira alguém mais relevante do que ele. Por disputar um esporte de elite e com pouca mídia, sua trajetória de velejador é esquecida, mas se trata de um monstro de competência e resultados. É a sétima vez que Scheidt, aos 48 anos, disputa uma Olimpíada e agora está atrás de sua sexta medalha. Fosse de um país que efetivamente desse importância aos reais ídolos, seria fácil encontrar estátuas dele por aí.