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As novas confusões e o velho Camilo
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

As novas confusões e o velho Camilo

O tempo quente na política de três municípios que voltaram a viver épocas eleitorais, devido à necessidade de disputa suplementar para escolha definitiva dos novos prefeitos, reativou o esquema de blindagem do governador Camilo Santana que funcionou com boa eficiência no agitado contexto de 2020
Tipo Opinião
2507_Gualter (Foto: 2507_Gualter)
Foto: 2507_Gualter 2507_Gualter

O tempo quente na política de três municípios que voltaram a viver épocas eleitorais, devido à necessidade de disputa suplementar para escolha definitiva dos novos prefeitos, reativou o esquema de blindagem do governador Camilo Santana que funcionou com boa eficiência no agitado contexto de 2020. O problema é que a totalidade dos candidatos envolvidos na nova briga pelas prefeituras de Missão Velha, Martinópole e Pedra Branca tem origem na sua base de apoio, o que quase impede que aponte suas preferências entre os pretendentes.

Na verdade, é um clima geral meio de salve-se quem puder. É ver o caso de Martinópole, na região Norte, onde os dois candidatos que brigam pela prefeitura representam instâncias da base aliada, o que fundamenta a ideia de manter o governador o mais distante possível da confusão. Ali, aparece James Bell, do PP de Zezinho Albuquerque, apoiado por Sérgio Aguiar, deputado estadual do PDT, enquanto o adversário dele, Júnior Fontenele, do PL, lista na sua sustentação política o pedetista Romeu Aldigheri, lembrando-se ainda que o partido dos Ferreira Gomes está oficialmente nesta última aliança. Dá para entender?

É uma bagunça, vamos combinar, que no final das contas ajuda circunstancialmente à estratégia de Camilo porque, o leitor mais atento terá percebido, o PT inexiste em Martinópole e com isso não cria qualquer possibilidade de uso político da sua imagem por qualquer das partes, a contragosto que fosse. O contrário do que se dá em Missão Velha, já no Sul do Estado, onde a representante do PT na disputa pela prefeitura, Fitinha, distribui farto material na qual aparece ao lado do governador, anunciando-se a candidata dele contra Doutor Lorim, do aliadíssimo PDT.

Não haverá vídeo, nem áudio, nem um ato com a presença física dele para confirmar o que está nas peças que circulam à farta nas redes sociais e nas ruas da cidade, mas, convenhamos, não haverá necessidade. Ali também vê-se uma base governista com dificuldades para encontrar um caminho comum, como demonstra o fato de a petista ter em seu palanque o MDB e, até, o grupo do deputado pedetista Guilherme Landim. Uma disputa que ainda tem o componente extra, que seria tema para uma outra coluna, de os dois candidatos utilizarem-se de mensagens de apoio de Ciro Gomes (Lorim) e Lula (Fitinha) para suas candidaturas inserindo no contexto do pequeno município um quadro antecipado da disputa presidencial de 2022.

Por fim, e não menos complicado, existe a situação de Pedra Branca, no Sertão Central. Aqui entra na equação um outro sujeito político ausente como protagonista dos dois casos anteriores que é o PSD, do ex-conselheiro, ex-deputado e ex-vice-governador Domingos Filho. O grupo tem um candidato, Moisés Gois (filho do ex-prefeito Antonio Gois), e praticamente isolou-se de um lado para enfrentar, do outro, uma aliança liderada pelo Padre Antonio, do PDT e que junta PT, MDB e um conjunto de outras siglas da base, incluindo o PSB do atual prefeito interino, Rogério Curdulino, que desistiu de disputar para reforçar o bloco de apoio ao religioso-candidato.

O saldo de tudo, para além das dores de cabeça que as eleições suplementares causam ao governador Camilo Santana, é uma grande confusão na cabeça do pobre eleitor. Afinal, dirá o amigo e a amiga de Martinópole que volta às urnas no próximo dia 1º de agosto para escolher seu novo prefeito, como explicar que tudo aconteça de novo sendo que os candidatos, caso prevaleça o desejo dos partidos e seus articuladores, devem ser os mesmos do ano passado e cujas presenças nas chapas geraram a anulação do processo anterior? Definitivamente, essa turma, na melhor linha do inesquecível filósofo (de boteco) Chacrinha, está aqui para confundir e não para explicar.

Presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PDT) (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PDT)

Em nome do Pacto e da política

Segue firme Ceará adentro a programação do Pacto Contra o Coronavírus, para felicidade do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Evandro Leitão (PDT). Porque a causa é nobre, no sentido em que mobiliza para que continuemos atentos a uma doença que segue ameaçando e matando, mas, também, pelo aspecto em que vai servindo ao interesse do parlamentar de circular por ai, fortalecendo e popularizando seu nome. Mais à frente, quem sabe, ajuda a resolver algum impasse na base governista para 2022, se é que me entendem.

A agenda ou as agendas?

A caravana comandada por Leitão já esteve em Sobral, Viçosa do Ceará, Crateús e Tauá, agendando-se para os próximos dias Canindé e Baturité, amanhã, e Iguatu, na quinta-feira. Neste último, um probleminha se apresentou e precisará ser resolvido: os grupos políticos dos deputados Agenor Neto (MDB) e Marcos Sobreira (PDT), este aliado do prefeito Edinaldo Lavor, do PSD, não conseguem respirar o mesmo ambiente juntos e talvez seja necessário desdobrar a programação por dois espaços. Assim ele já vai exercitando sua capacidade de acomodar os interesses de uma base eclética.

AJ ALBUQUERQUE, deputado federal pelo PP-CE(Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)
Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados AJ ALBUQUERQUE, deputado federal pelo PP-CE

Os limites da aproximação

Tem gente no Ceará rezando para que as conversas do presidente Jair Bolsonaro com o PP, com vistas a uma provável filiação, não passem do ponto onde estão, ou seja, não prosperem a ponto de levá-lo a, no futuro, virar um correligionário. É de imaginar como ficaria a situação do presidente da executiva regional, deputado federal AJ Albuquerque, como aliado nacional de Bolsonaro e, localmente, vinculado historicamente, através do pai Zezinho Albuquerque, ao grupo dos Ferreira Gomes.

Ciro Gomes(Foto:  AURELIO ALVES)
Foto: AURELIO ALVES Ciro Gomes

A vez dos conterrâneos

Um público seleto e na maioria formado por empresários locais, apenas 50 cadeiras estarão ocupadas, acompanha na próxima quinta-feira uma palestra do pré-candidato do PDT à presidência da República, Ciro Ferreira Gomes, em Senador Pompeu, no Sertão Central cearense. Faz parte de sua estratégia de, vez em quando, reforçar seus vínculos locais e não se entenda como mera coincidência que Ciro volte os olhos para o Ceará às vésperas de uma vinda de Lula ao Estado, como parte de uma agenda que cumpre no Nordeste no começo de agosto.

Ex-presidente Lula (PT)(Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Ex-presidente Lula (PT)

As conversas de Lula

Quanto à agenda de Lula na sua vinda próxima à região está sendo mantida em sigilo, sob argumento de que se fará um esforço para evitar aglomerações. Sabe-se, no entanto, que lideranças do PP nos estados por onde ele passará estão sendo procuradas para consultar se teriam interesse num encontro com o petista. Na Bahia e em Pernambuco houve sinalizações positivas e as reuniões devem acontecer, mas, no caso cearense, nada se sabe nesse sentido, embora ainda não seja algo totalmente descartado.

Cearense na lista da ONU

O cearense Bosco Monte, que preside o Instituto Brasil-África, cuja sede fica em Fortaleza, é um dos dois brasileiros, ao lado do ex-diretor geral da FAO, José Graziano, convidados pela ONU para integrar a Cúpula que discutirá o sistema alimentar mundial como uma das atividades da Assembleia Geral programada para setembro. O seleto grupo, integrado por cerca de 200 pessoas de várias regiões do mundo, estará reunido amanhã e terça na capital italiana, Roma, para uma espécie de pré-cúpula. Bosco, que também é colunista do O POVO, estará lá.

 

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