Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
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Já não é mais conversa de bastidores, aquela fofoquinha inconsequente que, muitas vezes, interessa apenas aos envolvidos diretamente nela. A alternativa Evandro Leitão como candidato à prefeitura de Fortaleza é tratada hoje de maneira absolutamente aberta, por mais que pareça algo improvável na conjuntura pelo fato de ser um correligionário do atual ocupante do cargo, José Sarto, até onde se sabe postulante à reeleição.
Claro que para o impasse partidário haveria a possibilidade de uma mudança, hipótese de vez em quando cogitada. Só que o movimento precisaria ser muito cuidadoso e tendo um cálculo preciso acerca dos seus efeitos, prevendo-se como mais evidente deles uma briga do PDT pelo mandato de deputado estadual que ele exerce. A lei prevê e a disposição para isso já chegou como informação ao parlamentar, hoje sentado na cadeira poderosa de presidente da Assembleia.
O certo é que Evandro Leitão movimenta-se abertamente olhando para o 2024 eleitoral, em meio às dúvidas, aos estímulos e às ameaças. Olhemos o que aconteceu sexta-feira passada, no prestigiado evento de posse de Chiquinho Feitosa como presidente do Republicanos no Ceará. Por mais que o próprio pedetista, presente ao local e fazendo-se de dissimulado, como age todo político esperto em tais momentos, adotasse os cuidados necessários para não alimentar o debate com gestos seus ou palavras suas que viessem a parecer inconvenientes.
"Eu reafirmo. Minha intenção é permanecer no meu partido, no PDT, e essa questão de sair e ir ir para outro partido, não passa por nós
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Na verdade, não precisava. Chiquinho Feitosa, que já acomodou a mulher de Evandro Leitão, Cristiane, em cargo de direção do Republicanos, escancarou-lhe as portas no discurso para uma filiação e uma candidatura à prefeitura de Fortaleza. Um gesto que se soma a outros acumulados ao longo da semana política que deixam o Paço Municipal de barbas de molho, considerando que seria uma frente de briga indesejável para o projeto de reeleição de Sarto.
Coloque-se também na equação que o PT, bastante controlado pelo ministro Camilo Santana, seu principal líder de hoje no Ceará, debate a possibilidade de apoio à candidatura em Fortaleza do presidente da Assembleia num clima de serenidade raras vezes visto. Deputado estadual, atualmente, e presidente da executiva municipal, Guilherme Sampaio elogia bastante Leitão e não descarta, até, uma filiação dele à sigla. "Não é de hoje que ele é bem-vindo ao PT e, naturalmente, trabalhamos com a perspectiva de construirmos juntos a nossa tática eleitoral para o próximo ano", disse ele à coluna. Um aviso aos navegantes que eventualmente queiram usar a declaração, descontextualizando-a, para seus objetivos: o petista também avisa que ainda não há discussão sobre nomes acontecendo e isso se dará "no momento oportuno".
O paradoxo da história é que a situação também começa a gerar incômodos visíveis no outro Palácio onde há poder institucional, e político, sendo exercido: o da Abolição. Os adeptos da opção Evandro Leitão dentro do governo, na visão de alguns, andam forçando um pouco a barra para que se precipite uma decisão que pode ser tomada mais adiante sem qualquer prejuízo. Para agora, é um assunto que mais atrapalha o andamento do que, exatamente, facilita as coisas para uma gestão de apenas cinco meses e que ainda precisa mostrar a que veio.
A leitura, pra mim correta, é de que não faria sentido engatar uma crise com aliados potenciais agora ainda sem ter conseguido sarar feridas de 2022 que seguem abertas. E, ainda mais, sem sinais definitivos de que uma reaproximação entre PT e PDT seja uma hipótese totalmente descartada. Ou, descartável.
O barulho de Chiquinho Feitosa na sua chegada oficial ao Republicanos, com muita especulação e anúncios (feitos pela metade, diga-se) de filiações de prefeitos e lideranças municipais, aumentou um pouco a dor de cotovelo de antigos colegas seus, tucanos. Não é queixa, mas há quem considere que os movimentos do novo comando, agora entregue a Élcio Batista, vice-prefeito de Fortaleza, focam demais na conquista de representantes da, chamada, sociedade civil e dá pouca importância ao fato de ser necessário atrair para o PSDB gente, na verdade, com capital político e eleitoral.
As queixas de que o processo de preenchimento dos cargos federais está muito confuso no Estado ganharam uma forma concreta no caso da indicação do novo diretor da Cia Docas do Ceará. Tudo bem que a situação é complexa, envolve o interesse de atender alguém com o peso do senador Cid Ferreira Gomes (PDT), que está emplacando o irmão Lúcio no cargo, mas a coisa parece mesmo bagunçada. Ainda mais porque deixa feridos no caminho, como acontece com o ex-deputado federal Denis Bezerra, presidente local do PSB, submetido à humilhação de gravar video anunciando-se empossado e, logo depois, ver-se desempossado.
O deputado federal cearense Domingos Neto (PSD) já sabia da dureza da missão que lhe estava sendo entregue pelo presidente Arthur Lira (PP-AL) quando decidiu aceitar o convite para ocupar o cargo de Corregedor da Câmara. No entanto, a coisa está acima de sua expectativa inicial, que já era pessimista, e a todo momento chegam problemas novos e de boa dimensão à sua mesa. O último deles é encontrar Deltan Dallagnol (Podemos-PT) para citá-lo, oficialmente, e começar a caminhada interna que o levará, inevitávelmente, à perda de mandato, porque é o que decidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Um dos gabinetes mais frequentados por políticos em Brasília, no novo governo, é o ocupado na Esplanada pelo ministro cearense Camilo Santana. O entra e sai de parlamentares já chama atenção e, sem dúvida, amplia o grau de simpatia com o titular do MEC no ambiente, sempre complicado, do Congresso Nacional. Inclusive porque a porta parece aberta também para oposicionistas, registrando-se, na semana passada, audiências com o deputado pernambucano Mendonça Filho (União Brasil) e o senador potiguar Styvenson Valentim (Podemos), apoiadores entusiastas de Jair Bolsonaro em 2022.
É notório que a CPI Mista que o Congresso instalará para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro perdeu forças junto aos bolsonaristas. Não apenas pela boa performance do ministro da Justiça, Flávio Dino que seria um dos alvos principais, nas participações em audiências com parlamentares. É que ficou mais claro ainda após descobertas recentes de envolvimento criminoso e comprovado de gente ligada ao ex-presidente com o que aconteceu naquela data, que não há como inventar uma narrativa que inverta os fatos. A saída, agora, é concentrar forças na tal CPI do MST, já instalada na Câmara.
O clima segue quente entre o deputado federal José Airton, do PT, e o prefeito de Aracati, Bismarck Maia, que é do Podemos. No que depender do parlamentar, inclusive, a novela terá mais capítulos pelo entendimento de que o adversário político regional "é um oportunista que se aproximou agora do governador Elmano de Freitas depois de criticá-lo muito, chamar de incapaz, desqualificado etc". Segundo alega, também Camilo Santana no passado era muito atacado por Bismarck. Enfim....
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