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2023, o ano que está sendo anulado
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

2023, o ano que está sendo anulado

Todo mundo se movimenta como se a campanha estivesse às portas de começar, embora, de verdade, ainda estejamos a um ano do período oficial
Tipo Análise
2023, o ano que está sendo anulado (Foto: carlus campos)
Foto: carlus campos 2023, o ano que está sendo anulado

Certamente não é do gosto do prefeito José Sarto (PD), que tem uma cidade para tomar de conta, afinal, mas o clima pré-eleitoral tomou de conta do ambiente político de Fortaleza muito antes do esperado e do justificável. Todo mundo se movimenta como se a campanha estivesse às portas de começar, embora, de verdade, ainda estejamos a um ano do período oficial, aquele que a justiça autoriza que aconteça.

E é um contexto, diga-se, pleno de coisas esquisitas, como é o caso, olhando para o que aconteceu na semana passada, da estranha discussão, via redes sociais, entre os ex-aliados Roberto Cláudio e Evandro Leitão. Estranho porque tenta estabelecer uma polarização entre figuras que não parecem ocupar um mesmo plano do cenário político atual, ou seja, dificilmente o ex-prefeito de Fortaleza está no radar que orienta as posições mais imediatas do presidente da Assembleia Legislativa e vice-versa. O tom belicoso das mensagens que os dois travaram nem é o mais importante.

Confunde um pouco mais a compreensão geral o fato de Roberto Cláudio ter feito o primeiro movimento, criticando em tom áspero por suas redes sociais a maneira como Evandro Leitão está deixando o PDT. Claro que faz parte do seu esforço de garantir o controle do processo eleitoral pelos lados pedetistas, inclusive considerando que é o presidente da executiva municipal, mas a marola que se cria conturba o quadro de uma maneira que, insistirei, não interessa ao prefeito José Sarto.

Até porque, nesse contexto de clima eleitoral (muito) antecipado, normal mesmo é que as coisas se apressem nos grupos de oposição em geral ao grupo que hoje ocupa o Paço Municipal, com Sarto à frente. No PT, então, o tema assumiu prioridade máxima para as principais lideranças, o que tem obrigado os interessados no partido em disputar a prefeitura de Fortaleza a colocarem já agora seus blocos na rua. É o que fizeram, nos últimos dias, Luizianne Lins, Guilherme Sampaio e Larissa Gaspar.

Da mesma forma que o tema começa a dominar as conversas também na ala oposicionista mais à direita, especialmente simbolizada pelos bolsonaristas e pelo ex-deputado Capitão Wagner. Para o primeiro turno, pelo menos, se reduz a cada dia que passa as chances de um entendimento que unifique candidatura e garanta palanque único. Pode notar que aumentou bastante nos últimos dias o ritmo das declarações e ações deles voltadas ao cenário eleitoral de 2024 em Fortaleza, em geral indicando uma certa indisposição para acertos entre as partes.

A má notícia embutida na situação criada na semana passada pelo principal aliado de Sarto para o seu projeto de reeleição é que não tem mais jeito. Cuidar da gestão representa uma forma eficiente de fortalecer uma eventual candidatura à reeleição, portanto, no caso dele, manter o foco nas prioridades reais da cidade e de seus moradores parece a maneira correta de trabalhar para chegar forte à briga pelo voto do eleitor fortalezense. Uma circunstância que recomenda evitar que marolas se criem, se evitáveis forem.

 

"Eu acordo cinco e meia da manhã, vou entregar uma escola de tempo integral, vou visitar uma obra que está sendo feita, uma drenagem e pavimentação...
"

José Sarto, prefeito de Fortaleza, numa de suas várias declarações recentes que tentam reforçar foco absoluto na gestão da cidade.

O mandato e o cargo

Está ganhando corpo, dentro do PDT, a corrente que defende uma ação ainda mais forte contra o deputado estadual Evandro Leitão, que ganhou uma carta de anuência aprovada pelo diretório estadual e desfiliou-se da sigla. O grupo quer que a direção nacional exija, além do mandato, o imediato afastamento dele da própria presidência da Assembleia, sob alegação de que estar filiado a uma agremiação é condição para ocupar o cargo. O que se alega é que o posto deve ser entregue a alguém do partido que tem a maior bancada na Casa. Ou seja, do PDT.

Eudoro Santana(Foto: O POVO)
Foto: O POVO Eudoro Santana

No ritmo de Eudoro

Conversei com uma fonte que tem acompanhado o novo momento do PSB e se diz impressionada com o ritmo do recém-emposssado presidente estadual, o ex-deputado estadual Eudoro Santana. Desde a posse, que já serviu de termômetro importante para este novo momento diante da dimensão que apresentou, as ordens internas são de acelerar as coisas para se cumprir a meta de fazer o partido chegar forte e reestruturado às eleições municipais de 2024. Aos desavisados: Eudoro está com 87 anos.

100% Bolsonaro

O PL do Ceará, da turma mais ligada ao ex-presidente da República, manda recado aos interessados em alianças para as próximas disputas eleitorais: defender Jair Bolsonaro é condição inegociável para ter apoio do bloco. Quanto à autorização dada pelo comando nacional do PT para coligações até com o PL, nos municípios onde isso for possível, o deputado federal André Fernandes manda avisar que fará campanha contra o correligionário local que estiver junto com petistas no palanque.

Entre Lula e Ciro

Quem tá acumulando prestígio no Palácio do Planalto é o deputado federal cearense Mauro Benevides Filho, do PDT, um dos vice-líderes do governo na Câmara. O que lhe exige alguma inteligência para se equilibrar entre a defesa da gestão Lula, que segue fazendo com algum protagonismo, e a fidelidade a Ciro Gomes - de quem foi o principal assessor econômico nas últimas campanhas presidenciais, inclusive, crítico cada vez mais ácido do governo petista.

Ivo, a vice e a saúde

Oposição na Câmara de Vereadores de Sobral bate forte no prefeito Ivo Gomes (PDT), pelo comportamento político que tem tido em meio a tratamento médico sério que vem sendo submetido. Mesmo tendo permanecido vários dias afastado da cidade para internação num hospital de São Paulo, onde foi submetido a cirurgia mês passado e já até recebeu alta, ele não passou o cargo para a vice, Christiane Coelho (PT), devido a uma desarmonia entre os dois. Em tempo: a cirurgia, segundo o próprio, foi um sucesso.

Mais intervenção

Ivo Gomes, na sua volta ao cotidiano administrativo, prorrogou a intervenção na Santa Casa de Sobral, que vem desde setembro de 2021. Decreto da última sexta-feira estende a medida por mais 18 meses, até março de 2025, portanto, alegando-se que ainda há muito por fazer para conseguir a normalização completa dos serviços que o equipamento público presta à comunidade local. Os interventores buscam respostas para algumas questões, dentre elas a descoberta de um empréstimo de R$ 9,4 milhões para "instituições filiais", apesar das dificuldades que enfrentava para se manter.

 

 
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