
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Um circo. Inexiste termo melhor para definir o que há acontecido ultimamente no âmbito do Senado Federal a pretexto de investigar, através de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a febre que tomou de conta do País através das casas de apostas que se multiplicam. Uma situação que precisa mesmo de boas explicações, mas não serão aqueles personagens, naquele ambiente, que parecem capazes de buscá-las.
Nota-se o esforço da relatora Soraya Thronicke (Podemos-MS) em oferecer seriedade e manter o foco no que é certo, considerada a gravidade do que está em questão. Quando da passagem da influencer Virgínia Fonseca, que levou ao espaço os holofotes somente justificáveis pela força dos seus 53 milhões de seguidores, evidenciou-se, num peso predominante, a sensação de que não sairá dali a solução para o problemão que temos diante de nós. Mesmo que, é preciso reforçar, seja comovente a luta de Tronicke para garantir consequência ao seu trabalho.
Claro que não é papel da CPI, como objetivo final, regularizar a atividade ou, até, devolvê-la à ilegalidade, cabendo-lhe, como limite, apresentar um relatório conclusivo que diagnostique bem o problema, se visto como tal, e encaminhe às áreas competentes suas sugestões de saída para ele. Esforço que exige discussão mais séria do que a tem sido vista, valendo registro especial e de caráter emblemático uma análise do que aconteceu, terça-feira, em boa parte das mais de 3 horas de depoimento da influencer, esta novidade do mundo laboral moderno que tem feito milionários - consta que até bilionários- cada vez mais jovens.
A própria Virgínia, que expõe uma vida de luxos e excessos nas suas redes sociais, tem apenas 26 anos. Ela mostrou na passagem pelo Senado o quanto nos deve preocupar que alguém tão vazia de ideias - ou que assim se apresenta para conquistar mais público, quem sabe - seja responsável hoje por orientar as decisões de milhões de pessoas que a seguem como referência. Há algo de muito errado nisso, observando-se a questão pelo lado dela.
De outra parte, o comportamento de integrantes do próprio Senado mostra que o quadro é ainda mais grave. O caso mais evidente envolveu Cleitinho (Republicanos-MG), que chegou a paralisar seu interrogatório (vá lá, chamemos assim) para, numa transmissão ao vivo em suas redes sociais, pedir à depoente que mandasse uma saudação para sua (dele) mulher. Diante disso, o pano de fundo para aquele encontro entre as duas figuras públicas perde qualquer relevância, admitamos, ironicamente.
Uma pena que assim seja e parece ainda mais preocupante que políticos no estilo Cleitinho encontrem razões e apoio para, olhando o futuro, pensarem até com mais ousadia. Ele próprio colocou entre os planos para 2026 disputar o governo de Minas Gerais e, segundo diz quem viu pesquisas feitas recentemente, apresenta chances reais de vir a ser eleito. Dá para pensar em termos a terceira maior economia do País entregue a alguém com tal nível de despreparo? Um exercício, parece, que precisa começar a ser feito.
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