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O que disse o amigo, ou ex-amigo, de Bolsonaro
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

O que disse o amigo, ou ex-amigo, de Bolsonaro

Tipo Opinião
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De repente lançado ao olho do furacão pela contundência e importância do seu depoimento no inquérito das fake news, que prendeu a respiração de muita gente na semana, inclusive a do presidente da República, o deputado federal cearense Heitor Freire, do PSL, está precisando se explicar muito agora entre os seus. Das tantas decepções que Jair Bolsonaro há manifestado contra ex-aliados que hoje define como "traidores", talvez seja esta (dentro do que ele entende como tal) uma das que tem potencial para ir à primeira prateleira.

De início, lembremos quem é Heitor e de onde veio. Um obscuro militante conservador, apresentado na campanha de 2018 como a pessoa no Ceará mais próxima a Bolsonaro, ao ponto de dormir na residência do então candidato nos deslocamentos ao Rio de Janeiro. Intimidade no padrão máximo e, claro, fator determinante para sua tranquila eleição à Câmara Federal. Para se ter uma ideia, de muitos que gostariam àquela altura, apenas ele tinha autorização pessoal de Jair Bolsonaro para usar seu nome em material de campanha.

Desde quando teve revelado o teor de seu depoimento no STF, no qual confirmou a existência do temido "gabinete do ódio" no Palácio do Planalto, nominou seus integrantes e detalhou como funcionava dentro de um processo cujo objetivo era o de moer reputações de alvos identificados como inimigos (ou adversários, que parece ter o mesmo sentido entre eles), a coisa anda feia para o parlamentar. Especialmente naquele terreno que a turma dessa "nova política" acha que é onde as coisas de fato acontecem, que é o ambiente das redes sociais. "Traidor" e "ingrato" são as qualificações que mais aparecem por ali, dentre as publicáveis.

Heitor Freire, deputado federal do Partido Social Liberal - PSL (Foto: Sandro Valentim/O POVO)
Foto: Sandro Valentim
Heitor Freire, deputado federal do Partido Social Liberal - PSL (Foto: Sandro Valentim/O POVO)

Até agora, pelo menos, tem-se mostrado infrutífero o esforço dele de assegurar que não há ataques ou críticas ao presidente Bolsonaro no seu depoimento. O problema para o deputado, quando olha para o futuro, é traçar um plano de voo político e eleitoral que desconsidere a estratégia anterior que o levou à Câmara. Não haverá ao seu lado, em espírito e nos cartazes, aquele apoiador responsável, como em 2018, por uma onda que lhe elegeu e mais uma pá de gente pelo Brasil. E, ao que parece, aquela militância com a qual contou à época já não estará mais disposta a empunhar bandeiras em defesa do seu nome.

Resta-lhe, talvez, a consciência de ter feito o que era correto fazer diante das informações de que dispunha sobre um esquema que, se realmente funciona da maneira como está apresentado, inclusive no depoimento que prestou, representa uma clara ameaça ao processo democrático e precisa ser desmontado. O mais rápido que isso parecer possível.

O desabafo de Camilo

Nas conversas em que pode trocar confidências no plano mais pessoal, com raros interlocutores, o governador Camilo Santana queixa-se da falta de apoio político, de partidos de esquerda e de sindicatos, nos momentos mais tensos de sua luta para manter o isolamento social. Ao ponto de, sentindo-se sozinho, ter considerado a sério a hipótese de ceder à pressão dos empresários para, lá atrás, precipitar a flexibilização. O PT tem espaço especial no seu rosário de queixas.

Houve a primeira conversa

Falou-se aqui na semana passada da dificuldade de conversa entre os blocos de oposição atualmente no País, simploriamente divididos entre os que seguem o PT (e Lula) e aqueles sob orientação do PDT (e de Ciro Gomes). Uma coisa não tem a ver com outra, mas o fato é que um primeiro sinal de entendimento veio na semana passada, terça-feira, com reunião unificada que aconteceu em Brasília.

Haverá a primeira ação

Uma primeira decisão apontou como pauta única, e necessária, o combate ao governo de Jair Bolsonaro e suas alegadas ameaças à democracia. Também está acertado um ato conjunto para quarta-feira, 3 de junho, em defesa da liberdade de imprensa, diante de episódios repetidos de hostilidades, que, mais recentemente, levaram vários veículos a retirarem seus jornalistas da cobertura do Palácio da Alvorada.

É o que dizem os números

Faz sentido que a preocupação das autoridades de saúde estejam muito voltadas agora para a região Norte do Ceará diante da nova fase do combate à Covid-19. Sobral, apesar de bem estruturada no setor para os padrões interioranos, apresentava pelos números oficiais disponíveis até a noite de sexta-feira, um quadro com mais de 2,1 mil infectados e pelo menos 63 mortes. Bem alto.

Pandemia à parte, CPI segue

Não há pandemia que tire o foco da oposição ao prefeito de Tauá, Fred Rego (DEM). Especialmente depois de conseguir respaldo judicial à continuação de investigação parlamentar de denúncias de irregularidades em gastos da gestão com o Consórcio de Saúde dos Inhamuns. O juiz da 2ª Vara, Tadeu Trindade de Ávila, negou à prefeitura liminar que pedia a anulação do ato de instalação de CPI na Câmara.

As eleições e a democracia

O Instituto Cearense de Direito Eleitoral (Icede), que acaba de completar cinco anos, em 25 de maio, comemorou aniversário intensificando as discussões com associados - advogados eleitoralistas e juristas em geral - sobre cenários políticos e, em especial, as perspectivas das disputas municipais programadas para 2020. André Costa, o presidente, destaca que a crise do momento também colocou na agenda da entidade a defesa da democracia, que anda meio balançada no País.

Frases

O deputado federal Capitão Wagner e o delegado Henrique Silva publicaram informações falsas nas redes sociais

TRECHO, de nota do procurador geral da Justiça, Manuel Pinheiro, na qual responde críticas do parlamentar do Pros ao Ministério Público por não ter, segundo ele, investigado sua denúncia de irregularidades na compra de respiradores pela prefeitura de Fortaleza

Não irei desrespeitar o Procurador Geral de Justiça, o chamando de mentiroso, como foi feito com a minha pessoa

CAPITÃO WAGNER (Pros), deputado federal, reagindo à nota oficial do chefe do Ministério Público do Estado

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