Logo O POVO+
Bastidores da votação que aprovou advertência para o vereador Inspetor Alberto
Foto de Guilherme Gonsalves
clique para exibir bio do colunista

Guilherme Gonsalves escreve sobre política cearense com foco nas atuações Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) e Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), mostrando os seus bastidores desdobramentos no jogo político e da vida do cidadão. Repórter de Política do O POVO, setorista do Poder Legislativo, comentarista e analista. Participou do programa Novos Talentos passando pelas editorias de Audiência e Distribuição e Economia, além de Política. Também escreve sobre cinema para o Vida&Arte

Bastidores da votação que aprovou advertência para o vereador Inspetor Alberto

Processo se arrastou na Câmara desde fevereiro e menos da metade dos vereadores aprovaram uma advertência amena
Plenário da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) (Foto: Érika Fonseca/CMFor)
Foto: Érika Fonseca/CMFor Plenário da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor)

"Votação do Inspetor Alberto", me avisou um vereador às 9h54min. Ele se referia à decisão do Conselho de Ética de punir o vereador com uma advertência escrita, por transmitir um vídeo associando o PT a uma organização criminosa, que seria apreciada por todos os parlamentares em plenário. O caso ocorreu em fevereiro.

Do meu trajeto da redação à Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) a advertência foi lida, pautada e votada. Ao todo, 21 votos favoráveis a punição e oito contrários. Em cerca de 30 minutos, a sessão plenária se encerrou.

Apesar da ampla maioria dos que votaram seguirem a decisão de advertir Inspetor, a medida não foi unânime se analisarmos o todo. Explico.

14 vereadores não votaram, incluindo Leo Couto (PSB), presidente da CMFor que esteve sentado na cadeira da presidência na sessão. Dr. Luciano Girão (PDT), relator da medida no conselho de ética, Gardel Rolim (PDT), Paulo Martins (PDT), Marcos Paulo (PP) e Ronaldo Martins (Republicanos) não deram presença.

Leo foi para a sessão com o objetivo de aprovar a advertência. Nenhum presidente senta na cadeira para não garantir votação expressiva. Ele fez saber aos pares que votariam, mas a punição não estava na pauta e alguns foram avisados poucos minutos antes de iniciarem o trâmite.

Sete parlamentares estiveram presentes durante a votação, seja virtualmente ou presencialmente, mas não configuraram seus votos. Oito votaram contra a advertência.

Somados os contrários, os que não votaram e os ausentes são 22 votos, enquanto 21 vereadores se manifestaram favoráveis a punição a Inspetor. Portanto, a maioria da Casa, mesmo que de forma indireta, não votou "sim".

Como chegou ao momento da votação

O momento que gerou a advertência aconteceu em sessão no dia 6 de fevereiro deste ano. Em abril foi instalado o conselho de ética da Câmara. Em junho, foi aceita a denúncia contra o vereador. E só oito meses após o ocorrido o caso foi apreciado no plenário.

Durante este período a situação balançou de acordo com o nível de tensão principalmente com a oposição.

Em maio, o presidente Leo Couto se reuniu com o colégio de líderes da Câmara. No momento que levou a este encontro, diversos vereadores estavam incomodados com o comportamento da oposição, de ataque aos colegas, principalmente em redes sociais usando a imagem de outros, "ultrapassando os limites" do debate, segundo essa visão.

E como forma de barrar esse tipo de atitude, cogitou-se enviar uma resposta por meio de uma punição mais severa contra o Inspetor Alberto. Até a cassação de seu mandato passou a ser discutida.

Com os ânimos mais calmos, Leo Couto acordou com a oposição que a punição ao parlamentar seria apenas uma advertência escrita, com sinal amarelo ligado para posições mais duras caso haja reincidência. Inspetor procurou outros parlamentares antes da votação. O placar final, analisado toda a conjectura dos que não votaram, não foi expressivo.

Foto do Guilherme Gonsalves

Tudo sobre os bastidores políticos do Ceará. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?