Recados de Ivo Gomes dão pista sobre a posição de Cid na disputa do PDT
Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
Nas últimas 48 horas, o prefeito de Sobral, Ivo Gomes, deu alguns recados à aliança governista, mas principalmente ao PDT, cujo diretório decide nesta segunda-feira (18) quem será o nome do partido nas eleições para o Governo em 2022.
Pelas redes, Ivo fez saber que a pretensão de Domingos Filho (PSD) de ocupar a vice numa potencial chapa encabeçada pelo PDT não tem o seu voto.
Mais: relembrou o que, para ele, ainda quando deputado estadual, foi “um descarado aparelhamento político do Tribunal de Contas dos Municípios”, à época presidido por Domingos, abatido depois pelos Ferreira Gomes numa tentativa de voo solo.
“Prefeitos e outros políticos estavam sendo achacados e chantageados. A chantagem consistia em aprovar ou reprovar contas em troca de apoio a outros políticos”, escreveu o prefeito, irmão de Cid e Ciro Gomes.
Neste domingo (17), véspera do dia D do pedetismo local, Ivo voltou à cena, agora para desfazer o boato de que Cid submergira porque teria se desentendido com o ex-governador Camilo Santana (PT) – um rumor deliberadamente propagado na guerra de bastidores em que se converteu esse processo.
“A proximidade das decisões naturalmente eleva as tensões e produz boatos de toda natureza”, disse o pedetista, acrescentando que “um deles é de que nosso senador Cid estaria ausente do processo de escolha em virtude de um falso conflito com o ex-governador e nosso futuro senador Camilo Santana e/ou com a governadora Izolda Cela”.
Ivo completou: “Esclareço que a relação entre eles permanece a mesma. De sempre! Tudo que se disser ao contrário disso é tentativa de intriga”.
Se, conforme noticiou o colega Erico Firmo, Ivo esteve com Cid na sexta (antes da postagem que cita Domingos sem citar) e agora foi às redes para dizer que o senador mantém com Camilo a mesma relação de antes, não é exagerado concluir que há aí uma convergência de opiniões entre os dois ex-governadores, Cid e Camilo, sobre os rumos da disputa dentro do PDT.
Todos sabemos a esta altura que se instalou no partido trabalhista um nó difícil de desatar que opõe, de um lado, a atual mandatária Izolda Cela e, do outro, o ex-prefeito Roberto Cláudio, ambos pedetistas. É entre eles que os 84 delegados da legenda no Ceará decidem em encontro amanhã.
Nesse duelo ora mais silencioso, ora mais estridente, Ciro já deu demonstrações fartas do que pensa e a quem apoia (RC). Ivo, por seu lado, manifestou-se elogiosamente sobre Izolda quando da visita da gestora a Sobral, cerca de duas semanas atrás – para quem não viu no gesto uma prova de entusiasmo de Ivo com a candidatura da chefe do Executivo estadual, está aí a declaração de desapreço por Domingos, virtual vice de RC na hipótese de ruptura da aliança PT/PDT.
Junte-se a isso a fala de hoje, e o que parece haver é o seguinte: Ivo e Cid estariam alinhados com Camilo a favor de Izolda, enquanto Ciro se mantém firme ao lado de Roberto Cláudio. É o quadro posto até aqui.
Resta saber quem, no diretório, terá mais poder para converter essas posições em voto, caso a decisão de fato se dê na queda de braços direta.
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