Dissolução do diretório do PDT encurrala Cid e pressiona grupo a deixar o partido
Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
Dissolução do diretório do PDT encurrala Cid e pressiona grupo a deixar o partido
No limite, a decisão pode empurrar de vez o bloco cidista para fora do PDT
Lá pelas tantas, durante a sua fala na reunião partidária de ontem, o ex-prefeito Roberto Cláudio lembrou que houve uma época em que o PDT “nem Fusca tinha”.
Era uma referência clara à declaração recente da deputada estadual Lia Gomes, irmã de Cid Gomes e Ciro e, como ambos, filiada ao PDT.
Segundo ela, caso o grupo sob liderança de Cid deixe a legenda, a ala que restar vai caber num Fusca, fato que não causaria grande comoção no então dirigente nacional da sigla, deputado André Figueiredo.
Pelo contrário, acrescentou Lia, o parlamentar ficaria satisfeito com um PDT desidratado.
Verdade ou não, o gesto de Figueiredo – de dissolver o diretório pedetista no Ceará e matar no nascedouro as pretensões de Cid – não apenas neutraliza a ofensiva do senador para retomar a presidência da agremiação.
No limite, a decisão pode empurrar de vez o bloco cidista para fora do PDT, eventualmente até municiando quem deseje ingressar com ação semelhante à apresentada por Evandro Leitão, de malas prontas para mudar de partido.
Pelos discursos de aliados de Figueiredo e de RC nessa quinta, 5, a intenção talvez seja precisamente essa.
Agrupados na sede da legenda, trabalhistas históricos, a exemplo de Flávio Torres, já pareciam ter precificado a saída dos dez deputados estaduais e outros tantos federais, além de prefeitos e vereadores, na esteira de uma possível desfiliação de Cid do PDT.
Entre os discursos que se sucederam no encontro, predominou o tom de que mais vale um PDT pequeno e coeso do que uma barafunda governista subordinada aos desejos do Abolição e do ministro Camilo Santana (PT).
Previsível, a judicialização do caso, já cantada em verso e prosa em análises políticas para todos os gostos, deve arbitrar o desfecho do litígio que começou na arena eleitoral, com o processo de escolha do candidato do PDT ao Governo do Estado em 2022.
Em julho do ano passado, no mesmo endereço da Nunes Valente, 145, o PDT jogava o seu futuro partidário.
Mais de um ano depois, tudo que se seguiu foi derivado de uma divergência insanável em torno dos rumos da maior força política no Ceará.
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