Titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Estado, Salmito Filho (PDT) rebateu declaração de Ciro Gomes segundo a qual o então pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza em 2020 teria sido vetado por Camilo Santana (PT), à época governador.

“O Salmito, que hoje é camilista fanático, foi ‘queimado’ pelo Camilo na última etapa. O meu candidato a prefeito (em 2020) não era o Sarto, era você, Salmito. O candidato do Cid era você. Quando o Camilo vetou, nós evoluímos pro Sarto”, afirmou Ciro durante a reunião da executiva nacional do PDT no Rio de Janeiro, em 27 de outubro.

À coluna, Salmito, um dos quatro nomes do PDT apresentados naquele ano como potenciais concorrentes ao Paço, admitiu que houve um veto a sua candidatura, mas que não teria partido de Camilo.

“Procede que houve veto em 2020, mas não foi Camilo quem me vetou”, relatou o secretário.

Salmito, contudo, evitou declinar quem o teria vetado para o pleito que acabaria sendo vencido por José Sarto, pedetista escolhido ao final do processo interno pelo qual a legenda passou.

“Não sei a razão de trazer isso. Trazer um veto de 2020?”, questionou o chefe da SDE. Em seguida, acrescentou: “Não faço política na primeira pessoa do singular e por isso nunca falei sobre tal veto em 2020. Mesmo ciente desde 2020, nem vejo sentido falar sobre isso em 2023”.

Ante a insistência da coluna, Salmito respondeu que prefere não falar, mas que, “em último caso, se for realmente muito necessário e no momento mais apropriado, falarei”.

“Prefiro não falar por duas razões”, continuou, “porque não faço política na primeira pessoa do singular e porque já passou”.

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Em 2020, o PDT organizou uma espécie de rodada com pré-candidatos da qual fizeram parte, além de Salmito e Sarto, também Idilvan Alencar, deputado federal, e os secretários Ferrucio Feitosa e Samuel Dias, que compunham a gestão de Roberto Cláudio.

No mesmo encontro no qual disse que Salmito havia sido barrado por Camilo mais de três anos atrás, Ciro contou que “Roberto (RC) tava com a ideia do Samuel (como candidato a prefeito)”, mas “Cid não queria o Samuel”.

A se provar verdadeira a versão apresentada por Ciro, o atual chefe do Executivo municipal não era a primeira opção nem de RC, nem de Camilo, de Cid ou dele mesmo. Contudo, pelas dificuldades que outros nomes apresentavam para compatibilizar as diversas forças da aliança, o então presidente da Assembleia Legislativa acabou se viabilizando como postulante.

Sarto foi ao segundo turno do pleito contra Capitão Wagner numa das eleições mais disputadas da capital cearense, elegendo-se prefeito por pequena diferença de votos.

Depois das declarações de Ciro na reunião do dia 27/10, esse e outros tópicos controversos seguiram cozinhando em fogo alto nos grupos internos do PDT estadual. Num deles, o próprio Salmito chegou a rebater, por áudio dias atrás, as falas do ex-presidenciável trabalhista.

A disputa eleitoral de 2020 foi a última em que petistas e pedetistas estiveram lado a lado, num só grupo político no Ceará que remontava a mais de uma década. Apenas dois anos depois, deu-se o grande cisma entre os aliados, com as duas forças concorrendo entre si.

Com Camilo à frente do bloco petista e Cid isolado para não se comprometer com a campanha de RC ao Governo do Estado, o PT acabaria levando a melhor: Elmano de Freitas se tornaria governador ainda no primeiro turno de 2022.