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Chacina desafia novo secretário da Segurança em dia de visita de Lula
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Chacina desafia novo secretário da Segurança em dia de visita de Lula

Pelas redes, o governador Elmano de Freitas escreveu que "os bandidos envolvidos serão identificados e presos, um a um, para que paguem na Justiça por tamanha atrocidade"
Roberto Sá, novo titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Roberto Sá, novo titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social

A chacina com sete mortos em Viçosa do Ceará (360 km de Fortaleza) é desafio para o novo titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), Roberto Sá.

Há menos de um mês no posto, o substituto de Samuel Elânio se deslocou até o município do interior para acompanhar pessoalmente as diligências.

Pelas redes, o governador Elmano de Freitas escreveu que “os bandidos envolvidos serão identificados e presos, um a um, para que paguem na Justiça por tamanha atrocidade”.

Executada no dia da visita de Lula às terras cearenses, a ação criminosa adiciona mais um elemento à já grave crise no setor, cujos números vêm numa escalada desde o início do ano.

Recém-chegado à função, Sá assumiu a pasta sob a promessa de endurecer resposta ao crime no estado. A chacina é a sua primeira oportunidade de fato de mostrar serviço, ainda que se considere que a resolução ideal nesse caso teria sido evitá-lo, e não agir a posteriori.

Não tendo sido possível, contudo, o novo SSPDS tem pela frente um problema típico do atual cenário da violência: assassinatos múltiplos, numa operação levada a cabo em praça pública (não é força de expressão), ao que tudo indica por facções, e aparentemente sem qualquer receio de registro de imagens, a julgar pelas que circulam por aí. 

Acrescente-se a esse caldo já grosso a variável política, e tem-se uma equação explosiva. O crime se deu no dia da chegada prevista do presidente da República ao estado para, entre outras coisas, anunciar investimentos na educação e em moradia. Mas também encaminhar uma agenda na área da segurança, em atendimento em parte a demandas dos próprios governadores.

Em entrevista exclusiva ao O POVO, Lula fez saber que pretende começar a elaborar um plano de enfrentamento à criminalidade com auxílio de ministros que já foram governadores, entre os quais Camilo Santana.

Pelo risco que tem de arrastar a Esplanada para o centro desse território pantanoso, trata-se de uma faca de dois gumes. Pode dar certo, mas, se conduzido sem levar em consideração o acúmulo produzido por quem entende do riscado, terá sido apenas jogo de cena.

De um modo ou de outro, enquanto o plano nacional não se concretiza, o governo local tem um abacaxi para descascar, e num momento delicado, às portas de uma eleição na qual a segurança já é tópico obrigatório e com organizações criminosas dando as cartas Ceará adentro. 

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