Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Por ora, o novo gestor da capital cearense administra apenas a recuperação física e mental após a maratona que foi a peleja no PT e nas urnas
Eleito prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT) chega ao Paço estribado em aliança superlativa e que agora trava disputa silenciosa por espaços. A rigor, há bem menos cadeiras do que pretendentes a ocupá-las.
Na mesa, estão neste momento presidências da Câmara e da Assembleia, funções em comissões, secretarias municipais e segundo escalão, além de assento no TCE e de promessas para 2026, entre as quais as de vaga para Senado e deputado.
Das legendas não contempladas na corrida de 2024, sobressaem-se PSB e Republicanos, com o PSD parcialmente satisfeito com a vice - apenas dois anos atrás, esse bloco compunha arco de José Sarto (PDT), com o próprio Domingos Filho saindo de companheiro de chapa de Roberto Cláudio.
Por ora, o novo gestor da capital cearense administra apenas a recuperação física e mental após a maratona que foi a peleja no PT e nas urnas, ao enfrentar adversário que se mostrou mais forte do que supunha toda a estratégia projetada para o 2º turno. Mas logo Evandro terá de se haver com essa partilha de poder, que é sempre onerosa e fadada a deixar uma enfiada de descontentes pelo caminho, como já se escuta aqui e também acolá.
PSD e PSB medem força
A esse propósito, não custa lembrar a tensão mal disfarçada que demarcou a relação entre PSD e PSB na fase da pré-campanha deste ano, com as duas siglas duelando publicamente pela vice de Evandro num processo que quase acabou por respingar na candidatura do PT.
Mesmo sem ter deixado sequelas mais graves, esse passivo se reatualizou, como se nota pela energia dedicada por pessedistas e pessebistas nesta fase de esboço do governo petista em Fortaleza, mesmo que a equipe de transição sequer tenha sido anunciada.
Dentro do PSB, há expectativa de que o partido seja "premiado" pelo resultado das urnas, qual seja, o número expressivo de prefeitos vitoriosos, engrossando o bloco de sustentação do Abolição. Se os louros virão sob a forma de comando da Alece ou de postos na gestão municipal, não se sabe ainda. Do lado do PSD, atores importantes movimentam-se de olho em funções-chave em ambas as esferas, estadual e municipal.
Arialdo, o onipresente
Tratei de comunicação dias atrás, mas não contei a história por completo, que inclui entre seus personagens o onipresente Arialdo Pinho. Até então espécie de eminência parda na campanha de Evandro em 2024, Arialdo, que já foi secretário nos governos de Cid e Camilo, desentendeu-se com ala influente na briga pela Prefeitura.
Depois desse entrechoque às vésperas do 1º turno, considerou o trabalho por encerrado. A partir dali, outro grupo assumiria as tarefas nessa seara, dando as cartas no dia a dia do candidato e operando estrategicamente para levá-lo ao Paço (daí os generosos confetes que o mercado político e parte da imprensa distribuíram, a título de elogios, a qualquer um que tenha se autoproclamado como decisivo).
Posto de lado, Arialdo não ocuparia mais nenhum papel no ninho petista, salvo o de comentarista ocasional em notícias, quando passou a destilar vaticínios cheios de ironia sobre 2026 e a debochar do peso de um ou outro no entorno "evandrista".
Maré positiva para Camilo
O ex-governador e ministro Camilo Santana vive talvez o melhor momento de sua trajetória. Eleito senador em 2022, fez governador e prefeito da Capital num intervalo de dois anos, desmontou a oposição e fraturou partidos oponentes, entre os quais o PDT.
À frente do MEC, conduz ação (Pé-de-Meia) que, salvo reviravolta, tende a se converter na principal marca do terceiro mandato de Lula no Planalto e grande trunfo para as eleições de 2026. Fora isso, corrigiu falhas da última edição do Enem, como o nível mais baixo de comparecimento (sem contar o tema da redação do exame, com o qual deve incorporar mais capital a seu "soft power").
Política como cenário. Políticos como personagens. Jornalismo como palco. Na minha coluna tudo isso está em movimento. Acesse minha página
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