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Evandro finaliza relatório que pode complicar Sarto
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Evandro finaliza relatório que pode complicar Sarto

Apenas na área da Saúde, por exemplo, o déficit foi de mais R$ 500 milhões, de acordo com estimativa do governo municipal
Prefeito Evandro Leitão visita obras em Fortaleza (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Prefeito Evandro Leitão visita obras em Fortaleza

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O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), está finalizando o relatório que vai mensurar o rombo fiscal deixado pela gestão de José Sarto (PDT), conforme aliados do petista. O documento, previsto para amanhã, 31, deve subsidiar ações que responsabilizem administrativamente o antecessor no Paço. Apenas na área da Saúde, por exemplo, o déficit foi de mais R$ 500 milhões, de acordo com estimativa do governo municipal.

A tendência é de que o diagnóstico ofereça detalhes sobre o estado atual das contas do Executivo. A data de conclusão do levantamento coincide com o marco de 30 dias desde que Evandro assumiu o comando da Prefeitura. Nesse intervalo, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) se dividiu entre a fiscalização de obras em andamento e ações de limpeza urbana, apostando na imagem de um gestor operoso e presente.

No âmbito político, tratou de contornar dificuldades com a oposição, pavimentando maioria fácil na Câmara dos Vereadores e incorporando egressos da base do ex-prefeito Roberto Cláudio e de Sarto entre os quadros de auxiliares, tais como Iraguassu Filho e Ésio Feitosa, ambos ex-parlamentares.

CID e Lia Gomes, irmãos na política(Foto: Reprodução/Instagram)
Foto: Reprodução/Instagram CID e Lia Gomes, irmãos na política

O papel de Cid Gomes

Em entrevista ontem à radio O POVO CBN, a deputada estadual e secretária das Mulheres Lia Gomes não apenas reiterou que o irmão e senador Cid Gomes (PSB) poderia ter sido candidato ao Governo do Estado em 2022, mas que o convite para que postulasse o cargo partira do hoje ministro Camilo Santana (PT). A intenção, conforme Lia, era nobre: evitar o racha entre os grupos do PT e do PDT, que acabou prevalecendo e definindo a eleição e todo o cenário político que se seguiria, com repercussão até hoje.

Por que Cid teria se recusado a concorrer, então? Por motivos pessoais, entre os quais certa falta de disposição para exercer um terceiro mandato à frente do Abolição, já que, ainda de acordo com Lia, as pesquisas indicavam que qualquer nome apoiado pelo grupo de Camilo e do próprio Cid teria condições de vencer ainda no primeiro turno, como de fato se viu, mas com Elmano de Freitas (PT).

Cid recusaria convite hoje?

Tudo isso, no entanto, deu-se quase três anos atrás, noutro contexto. A dúvida é se Cid recusaria o mesmo convite hoje, seja para disputar o Executivo cearense ou um novo mandato para senador. Por ora, o ex-governador tem declinado das duas possibilidades. Mas, como lembrou o deputado estadual e secretário Osmar Baquit em participação no "Debates do Povo", o pessebista tem de ouvir seus liderados antes de qualquer decisão.

Em seguida, argumentou a favor de uma candidatura de Cid – para o Congresso. Grosso modo, esse é o entendimento de parte considerável da base "camilista" hoje, à exceção de um ou outro integrante. Entre petistas como o secretário Júlio Brizzi (Juventude), para ficar somente no partido do chefe do Governo, a chapa dos sonhos de 2026 na briga pelo Senado é José Guimarães de um lado e Cid do outro.

Capitão Wagner e Chagas Vieira(Foto: Fco Fontenele e Aurélio Alves)
Foto: Fco Fontenele e Aurélio Alves Capitão Wagner e Chagas Vieira

Wagner x Chagas

A querela entre Capitão Wagner (União Brasil) e o secretário Chagas Vieira (Casa Civil) sobre o tema da segurança ganhou tração nessa quarta-feira, 29. Embora o embate faça lembrar uma mera prorrogação das eleições de 2024, nas quais o assunto esteve muito presente, o episódio dá o que pensar.

Primeiro, pelo novo papel de Chagas, que incorporou de vez a missão de, entre outras tarefas, blindar Elmano, rebatendo os golpes mais frontais de oponentes, isto é, Chagas não só tem operado como formulador da comunicação palaciana, mas caído em campo para duelar com os virtuais adversários da corrida do ano que vem, ainda que o candidato não seja Wagner – que, por sua vez, vem priorizando o tópico ao qual sempre esteve estreitamente ligado.

Moral da história: não é tão somente que 2026 já começou, um truísmo do discurso político local, mas que as tarefas já estão se dividindo e os antagonistas, sendo conhecidos.

 

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