Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Embora naturais num arco de sustentação tão amplo, os ruídos já observados entre aliados podem evoluir, tornando-se difíceis de serem sanados sem que provoquem uma cisão
Foto: AURÉLIO ALVES
SENADOR Cid Gomes
O atual senador Cid Gomes (PSB) tem se mostrado resistente à possibilidade de concorrer a novo mandato na Câmara Alta, abrindo uma corrida na base do governador Elmano de Freitas (PT) a um ano e meio da eleição. Embora naturais num arco de sustentação tão amplo, os ruídos já observados entre aliados podem evoluir, tornando-se difíceis de serem sanados sem que provoquem uma cisão. Daí que os governistas, sobretudo os mais ligados ao chefe do Abolição e ao ministro Camilo Santana (Educação), tenham defendido até agora a recondução de Cid. Essa é, de longe, a solução mais simples para a equação da montagem da chapa que vai para o pleito. Sem Cid inscrito como candidato ao Senado, não apenas se abre um espaço mais amplo, objeto de concorrência acirrada entre petistas e não petistas, como também o bloco majoritário perde capital político - não por acaso, essa é uma tese que vem ganhando terreno no grupo "camilista", isto é, a ausência de Cid como postulante a vaga reduziria o potencial de votos pretendido. Mas há um segundo benefício a se obter na hipótese de o pessebista considerar brigar por reeleição: com ele já ocupando uma cadeira de aspirante a novo mandato de senador, as discussões sobre a vice de Elmano ficariam pacificadas. Do contrário, as cartas na mesa seriam: ou o PT/Governo aceitam Júnior Mano (PSB) como nome indicado por Cid para o Senado; ou Lia Gomes (PSB) como nome sugerido por ele para a vice do petista.
Debate sobre a vice
Como nem Cid parece disposto a se deixar convencer, nem uma candidatura de Mano entusiasma sequer o seu partido, não seria de todo surpreendente se essa movimentação acabar se refletindo na vaga de vice, com a entrada de Lia. E quanto à vice Jade Romero, do MDB de Eunício Oliveira (também ele cotado a senador)? Dependendo das tratativas, sai como deputada federal. A preço de agora, a emedebista estaria disposta a seguir como parceira de chapa de Elmano. Todavia, há empecilhos no caminho. Um deles passa pela costura da cadeira para senador. O outro está no MDB, que tem como prioridade a senatorial. Visto que nenhuma força deve ficar com duas vagas majoritárias, a tendência é que ou a sigla seja contemplada com um assento de vice ou de candidato ao Senado.
O papel de Luizianne
Foto: FÁBIO LIMA
Deputada federal e ex-prefeita Luizianne Lins
A deputada federal e ex-prefeita Luizianne Lins (PT) reúne hoje seu grupo político, o "campo de esquerda", tendo no radar um "acordão" que se desenha na corrida pela presidência do PT no Ceará. Trata-se de uma articulação entre o bloco do também deputado federal José Guimarães (PT) e a ala mais próxima do governismo, ambos de olho na direção do partido. Como Guimarães tem mais força no Interior, há uma proposta na mesa: em troca do apoio do seu setor ao nome de Antônio Carlos, possível candidato do petismo (ligado a Evandro Leitão) ao comando do PT em Fortaleza, esse núcleo endossaria o quadro sugerido por Guimarães para a direção estadual (a tendência é que seja Vladyson Viana). Resta saber que posição Luizianne deve (e se deve) assumir nesse arranjo.
Efeito Tarcísio no Ceará
Por minguado que tenha sido, o protesto de ontem, convocado por Jair Bolsonaro (PL) para a avenida Paulista, consolidou o protagonismo de Tarcísio de Freitas como potencial herdeiro do bolsonarismo em 2026. Isso, naturalmente, tem reflexo no Ceará. O principal deles diz respeito ao Republicanos, legenda do governador paulista, e ao PSD de Gilberto Kassab, secretário estadual em São Paulo. Se a agremiação pessedista estiver oficialmente no arco de apoio de uma eventual candidatura de Tarcísio à Presidência, automaticamente terá dificuldades para integrar formalmente a base eleitoral de Elmano.
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