Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Lideranças nacionais, Bolsonaro e Ciro, embora não tenham qualquer agenda confirmada juntos, passaram a dar mais tração para esse bloco anti-PT
Foto: Daniel Galber - Especial para O Povo
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL- 06.05.2025: .Ciro Gomes se reúne com deputados de oposição na Assembleia Legislativa do Ceará Foto: /Daniel Galber Especial para O POVO)
A oposição no Ceará quer aproveitar a janela de oportunidade que se abriu com as articulações em torno de Ciro Gomes (PDT), cotado como alternativa ao ex-prefeito Roberto Cláudio para a corrida pelo Abolição em 2026.
Desta vez, a intenção é explorar a visita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a Fortaleza, prevista para o dia 30 de maio, salvo contratempos até lá, galvanizando as legendas que estão fora do arco de sustentação do grupo do ministro Camilo Santana (Educação).
Lideranças nacionais, Bolsonaro e Ciro, embora não tenham qualquer agenda confirmada juntos, passaram a dar mais tração para esse bloco anti-PT, sobretudo depois da reunião do ainda pedetista com adversários do governador Elmano de Freitas (PT) dias atrás, entre os quais nomes de peso do PL e do União Brasil, a exemplo dos deputados Silvana Oliveira, Sargento Reginauro e Alcides Fernandes, além do trio de parlamentares mais ligados a RC: Queiroz Filho, Antônio Henrique e Cláudio Pinho, todos provisoriamente abrigados em domicílio trabalhista.
Pintados para a guerra
Um indicativo dessa movimentação é a escolha da Capital para sediar evento nacional do PL dedicado à comunicação, com expectativa de participação de representantes de empresas de tecnologia e do dirigente nacional da sigla, Valdemar da Costa Neto.
Notável pelo simbolismo do domínio petista local, com Governo e Prefeitura, o estado também se converteu numa espécie de laboratório oposicionista para o pleito do ano que vem, com arranjos menos ortodoxos sendo desde já testados primeiro no plano da teoria, considerando-se as diferenças significativas que há tanto entre forças políticas quanto entre os atores por trás das agremiações, tais como Ciro e boa parte do conjunto de deputados com o qual aceitou sentar à mesa para conversar.
Feita a ressalva, a passagem de Bolsonaro pela cidade é encarada como um termômetro do tipo de composição que a ala “cirista” do PDT e seus neoaliados à direita estão dispostos a costurar de olho na sucessão.
A controvérsia do hospital
Escrevi ontem que a generosidade do Governo do Estado com a PM, restituindo-lhe o Hospital José Martiniano de Alencar, podia ser lida sob duplo prisma: um disparo no pé ou um gol de placa. O copo meio cheio está representado no ganho político evidente que é manter uma interlocução sem ruídos com as tropas às vésperas de uma eleição.
Já o meio vazio é o desgaste contratado pelo Abolição na esteira de um processo de cessão atabalhoado, com debate apressado, conduzido sob urgência injustificável pela Assembleia Legislativa (Alece) e sem qualquer tipo de amparo técnico que faça do projeto de lei mais do que meramente gesto político – sequer os percentuais de 70% do atendimento reservados para usuários do SUS e de 30% para militares e familiares estariam definidos na mensagem palaciana, o que abre margem para que, na prática, a nova administração acabe por estipular essas balizas por conta própria.
“Black friday” de filiações
Petista histórico, o sociólogo Geraldo Accioly recorreu a uma imagem curiosa, durante conversa no “Debates do Povo” (Rádio O POVO CBN), para explicar o que se passa agora no seu partido: uma “black friday” de filiações.
Para ele, a blitzkrieg é capitaneada com a finalidade de vitaminar artificialmente campos recém-formados dentro da agremiação, assegurando competitividade a esses grupos – cujos nomes Accioly preferiu não declinar. Em tempo: o PT se prepara para ir às urnas em julho, no processo de eleição interna que escolherá os novos comandos nacional e locais.
Política como cenário. Políticos como personagens. Jornalismo como palco. Na minha coluna tudo isso está em movimento. Acesse minha página
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