Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
A estratégia do governo Elmano para 2026 repete 2022, mas encontra um Roberto "escaldado" e já atuando para implodir o modelo bem sucedido na eleição passada
Dirigente estadual tucano nesse período, Chiquinho Feitosa, certo de que pavimentava caminho para uma vaga no Senado na chapa encabeçada por Camilo, deu nó tático no ex-senador Tasso Jereissati - uma rasteira, em bom português. Em reunião convocada às pressas e a portas fechadas, Chiquinho, num lance novelesco, fez aprovar posicionamento que dificultava a composição do PSDB com o PDT.
O caso foi à barra da Justiça, que pendeu a favor do lado governista. Moral da história: RC ficou sem vice e sem candidato natural à Câmara Alta, que seria Cabeto Martins, ex-titular da Saúde. Corta para 2026: troque-se o PSDB pelo União Brasil e Chiquinho por outras lideranças, e o quadro se assemelha àquele de quase quatro anos atrás. Dentro do Abolição, há entendimento de que, se o movimento logrou sucesso uma vez, por que não repeti-lo agora?
Roberto Cláudio escaldado
O ex-prefeito Roberto Cláudio, no entanto, aprendeu a lição. É o que se nota por sua articulação cerrada em Brasília nos dias que antecedem a sua entrada no União, prevista para julho. No início desta semana, por exemplo, manteve tratativas com Antônio Rueda, presidente nacional do UB. Chegou a divulgar foto do encontro ontem, ecoando gesto que tem se repetido de parte a parte, numa guerra de imagens cuja finalidade é exibição de força.
A intenção da agenda de RC no DF é dupla, claro: assegurar-se de que o partido deve se firmar na oposição ao governador Elmano de Freitas (PT), sem qualquer risco de se bandear para o lado adesista da força; e se precaver de mobilizações divisionistas dentro da legenda, já em andamento a partir de agora, tal como o flerte do deputado federal Moses Rodrigues e do seu bloco político em Sobral com o Abolição - de olho numa cadeira de senador, hoje o principal trunfo da base "camilista" para atrair novos aliados e manter os antigos.
Foto: Reprodução/Instagram Roberto Claudio
Roberto Cláudio ao lado de Antônio Rueda, presidente nacional do União Brasil
Os sinais que vêm de Maracanaú
Mas essa divergência no União não se limita a Moses: afinal, que papel terá o prefeito Roberto Pessoa na eleição para o Governo do Estado em 2026? Liderança de peso do UB, é próximo de Elmano, de quem recebeu apoio em 2024 - o PT rifou a candidatura do deputado Júlio César na cidade para encampar novo mandato de RP (sem falar na dança das cadeiras entre vereadores na Câmara de Fortaleza, sob as bênçãos de Evandro Leitão, que acabou por beneficiar a família do gestor de Maracanaú).
Dúvida: os dois Roberto podem até estar no mesmo partido em poucos dias, mas estarão também no mesmo palanque? É questão sem resposta, por ora.
A guerra das suplências
Disse há pouco que o Senado é trunfo de ouro do governismo no Ceará, não sem razão. Tome-se novamente Chiquinho Feitosa. Preterido em 2022, está convencido de que é candidatíssimo a uma vaga de suplente de senador no próximo pleito, com boas chances de compor com o deputado federal Eunício Oliveira (MDB) na titularidade - outro parlamentar a quem foi prometido assento na Casa.
A segunda vaga, no entanto, é pura dor de cabeça para Elmano e Camilo, indecisos entre contratar uma crise com o ex-governador e hoje senador Cid Gomes (PSB) ou com o deputado federal José Guimarães (PT), também ele nome forte na bolsa de apostas para a senatorial.
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