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A briga pela pauta da segurança pública
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

A briga pela pauta da segurança pública

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PAUTA da segurança é disputada internamente no campo da oposição e já movimenta estratégia eleitoral (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS PAUTA da segurança é disputada internamente no campo da oposição e já movimenta estratégia eleitoral

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Há uma corrida silenciosa que o ex-candidato Capitão Wagner (União Brasil) e o deputado federal André Fernandes (PL) vêm travando pelo controle da pauta da segurança no campo da oposição, especialmente como ativo político para a disputa por uma cadeira na Câmara ano que vem. Nesse duelo, o dirigente do UB largou na frente.

Foi assim, por exemplo, quando explodiu a denúncia segundo a qual moradores de um distrito de Morada Nova, no interior do Ceará, estavam sendo expulsos por facção criminosa - dias depois, Wagner gravou vídeo na localidade. O ex-deputado também chegou antes ao tema das possíveis irregularidades no município de Icó e ao cenário de escalada de homicídios em Maranguape.

Aos passos de Wagner, seguiram-se os de Fernandes, que passou por Uiraponga (CE), e os do deputado Carmelo Neto, que corre por fora para tentar beliscar uma fatia do assunto. Como se nota, a queda de braço expõe distanciamentos dentro do bloco anti-PT. Em 2018, recém-saído de uma candidatura ao Paço dois anos antes, Wagner se elegeu deputado federal mais votado, posto ocupado por Fernandes em 2022, quando postulou mandato.

A culpa é de quem?

A oposição no Estado já definiu uma de suas estratégias para enfrentar o governador Elmano de Freitas (PT) nas urnas no ano que vem, qual seja, tentar repetir no plano estadual o discurso que desgastou o então prefeito José Sarto no pleito de 2024.

À época, o desafiante (André Fernandes) antecipou a divulgação de jingles que associavam o ainda pedetista a todo tipo de mazela da capital cearense, do buraco na rua ao problema da segurança pública ("cidadão sendo assaltado" era "culpa do Sarto"). Corta para 2025.

Já circulam peças de teor semelhante, mas vinculando Elmano aos números da criminalidade. A intenção, conforme um interlocutor, é fixar no petista uma imagem que, na cabeça do eleitorado, tal como aconteceu com o gestor de Fortaleza, se conecte com uma sensação de desacerto em setores importantes, sobretudo nesse do enfrentamento da violência.

Em condições diferentes, deu certo lá atrás - parte da derrota de Sarto pode ser atribuída ao efeito devastador da música-chiclete.

Elmano recebe prefeitos

O governador Elmano começou uma romaria de encontros com prefeitos e outras lideranças (deputados e vereadores) de olho na eleição. O chefe do Abolição está pessoalmente empenhado em pavimentar seu caminho para um segundo mandato.

Para tanto, está "amarrando" alguns apoios, como se diz no jargão da política. E amarrar, no mais das vezes, também significa liberação de recursos para prefeituras cujos gestores se mostrem inclinados a resistirem a uma ofensiva dos adversários do "camilismo".

Esse movimento palaciano foi deflagrado semanas atrás, logo depois do ato de filiação de Ciro Gomes ao PSDB sob a promessa de figurar como possível concorrente ao Executivo. De acordo com governistas, trata-se apenas de fechar espaços que estavam abertos.

Priscila?

O nome da vereadora Priscila Costa passou a circular como alternativa a uma candidatura ao Governo em 2026. O entendimento no PL é de que Ciro pode até postular o Abolição, mas não se esforçaria para fazer uma defesa do bolsonarismo na campanha - ou, hipótese mais temida, em caso de vitória se livraria dos aliados na primeira oportunidade.

Eduardo Girão (Novo), por outro lado, é aposta arriscada - há quem se refira a ele como "novo General Theóphilo", contra quem Camilo não encontrou dificuldade para se reeleger em 2018. Nesse caso, uma solução seria apresentar um quadro do PL, com chancela da cúpula da sigla (Michelle Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto) e dos filhos de Jair Bolsonaro (Flávio e Eduardo).

 

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