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Bolsonaro deu uma fraquejada no combate à corrupção, diz Girão
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

Bolsonaro deu uma fraquejada no combate à corrupção, diz Girão

Eleito senador na onda bolsonarista, Eduardo Girão (Podemos0 afirma que a gestão Bolsonaro "está deixando a desejar nas medidas de combate à corrupção"
Tipo Notícia
Senador Luís Eduardo Girão, senador e ex-presidente do Fortaleza (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
Foto: Roque de Sá/Agência Senado Senador Luís Eduardo Girão, senador e ex-presidente do Fortaleza

Eleito na onda da nova política, da qual Jair Bolsonaro era então representante, o senador Eduardo Girão (Podemos) afirma que, passado um ano da vitória nas urnas, o presidente “está deixando a desejar nas medidas de combate à corrupção”.

Um dos que comemoraram o sucesso do pesselista no comitê montado na avenida Antônio Sales, naquele 28 de outubro de 2018, Girão avalia que um “governo eleito com essa bandeira (anticorrupção) teve algumas atitudes que mostram uma certa incoerência”.

Exemplo disso seria, aponta o senador, o rebaixamento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), “colocado de um lado pro outro” e que “acabou, por determinação do Governo, indo para o Banco Central, transformado num apêndice”.

Para Girão, o órgão, considerado embrião da Lava Jato, “deveria ter sido fortalecido” e assumido “mais autonomia”. O senador acrescenta: “Acho que o Governo fraquejou nessa questão de fortalecer a Lava Jato”.

O parlamentar cearense indica ainda que houve “interferências na Receita Federal e tentativas de interferências na Polícia Federal” como práticas que destoam do discurso de campanha presidencial de Bolsonaro. “Isso é algo que está longe, assim como velhas práticas de distribuição de cargos. Esse governo não se propôs a isso”, declarou. “Espero que se corrija o quanto antes para que se tenha um alinhamento com o que foi realmente na campanha.”

Como ponto positivo na trajetória do pesselista desde a votação nas urnas até aqui, Girão ressalta “uma tentativa de controlar melhor os gastos, mais responsabilidade com o que é público”, além da adoção de “medidas austeras para evitar fraudes no INSS”.

Em reportagem neste domingo, O POVO mostrou que os aliados de Bolsonaro estão em pé de guerra no Ceará. No estado, o partido do presidente está dividido. Nesta semana, o presidente da sigla em Fortaleza, Lucas Fiuza, entregou o cargo, pelo qual já passou o deputado estadual André Fernandes, destituído a mando do deputado federal Heitor Freire, dirigente estadual da legenda.

À reportagem, Fernandes admite que este “foi um ano difícil” para Bolsonaro. “O presidente tem se esforçado ao máximo para tentar melhorar e mudar aquilo que o Brasil tem sido nos últimos 20 anos”, declarou. Segundo ele, parte das propostas de campanha de chefe do Executivo está esbarrando no Congresso.

“Eu vejo a boa vontade do presidente de trabalhar, mas vejo que existe também um obstáculo enorme no Congresso. Muitos ideais dele dependem do Congresso”, justifica o deputado.

Sobre a relação entre Bolsonaro e o PSL um ano depois da eleição, Fernandes é contundente. “O PSL está estragado. Estão todos decepcionados com o partido. Todos. Eu avisei. Meses atrás eu disse quem era Heitor Freire dentro do partido. Poucos ouviram”, afirma. “Hoje o PSL está desacreditado, desestabilizado. Como está, nenhum prefeito ou vice quer se aliar ao PSL no Ceará.”

Deputado estadual mais votado da sigla, ele defende que o PSL “não representa o bolsonarismo” e que, se dependesse unicamente dele, “Bolsonaro não estaria mais no PSL”.

Também eleito deputado estadual na esteira do bolsonarismo, Delegado Cavalcante (PSL) festejou a conquista de Bolsonaro nesse mesmo comitê onde se reuniam ainda Capitão Wagner (Pros), campeão de votos para a Câmara Federal, e Heitor Freire. Assim como Fernandes, o parlamentar trava briga interna com o presidente da legenda no Estado, contra quem apresentou uma representação na última semana.

“O PSL não simboliza mais as ideias de Bolsonaro”, responde Cavalcante. “Tivemos problemas na campanha e logo após as eleições. E estamos tendo hoje, com alguns não sendo fiéis ao projeto de combate à corrupção.”

Questionado sobre o que mudou dentro do grupo que chegou ao poder a reboque de Bolsonaro, em 2018, provocando atritos e ruídos, o deputado assinala que hoje há pessoas no partido que “têm um comportamento totalmente contrário ao que defenderam durante a eleição”.

Bolsonaro foi eleito no segundo turno, derrotando Fernando Haddad, do PT. O pesselista recebeu 57 milhões de votos contra 47 milhões do petista.

Foto do Henrique Araújo

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