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Três santos populares e uma gente de fé
Foto de Honório Bezerra Barbosa
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Jornalista e bacharel em Comunicação Social e Direito

Três santos populares e uma gente de fé

No sertão, não se ouve mais falar no desafio de subir o pau de sebo, enfiar a faca na bananeira e descobrir as iniciais do futuro amor dentre outras crendices populares que integravam outrora a cultura junina
Quadrilha Junina Cordapes se apresenta no Arraiá do Zé 2025, que acontece no mês de julho no Theatro José de Alencar (Foto: Reprodução/Instagram @qj_cordapes)
Foto: Reprodução/Instagram @qj_cordapes Quadrilha Junina Cordapes se apresenta no Arraiá do Zé 2025, que acontece no mês de julho no Theatro José de Alencar

Nesse período do ano, o sertão nordestino se enche de alegria para comemorar três santos populares Antônio, João e Pedro. Para a teologia católica o trio é formado, na sequência, por um doutor da igreja, o precursor de Jesus Cristo e o primeiro apóstolo, a pedra fundamental do cristianismo primitivo.

O sertão cearense integra essas festas populares e religiosas, um misto de profano e sagrado, que nos conte a cidade de Barbalha, no Cariri cearense, quando no início deste mês celebrou o padroeiro da cidade, santo Antônio, atraindo milhares de pessoas devotas ou não.

Amanhã, 29, fecha-se o ciclo das festas juninas com São Pedro. As datas de celebrações caíram em dias de semana, mas as festividades ocorreram com mais intensidade nos finais de semana e seguem até julho, dependendo das programações municipais.

Da mística religiosa para a festividade popular. O motivo é celebrar o santo, mas a festa é profana: shows, bebidas, culinária sertaneja e muito forró.

Os shows têm atrações e musicalidade diversas, incluindo sob protesto de alguns outros ritmos (sertanejo, sofrência) que não exclusivamente o forró. Este já dividido em raiz ou pé de serra, das antigas - referência a composições dos anos de 1990, e a batida atual, dos safadões da vida.

No interior, as quadrilhas juninas modernizadas em seus passos, ritmos, gritos, adereços modernos e cores vibrantes nos trazem alegria e mensagens sociais. Atraem milhares de brincantes dedicados com amor à causa, mediante custos elevados e a falta de renda para cobrir despesas. Só Deus e cada grupo sabem como conseguem vencer desafios e saírem se apresentando em diversos festivais juninos.

No sertão, não se ouve mais falar no desafio de subir o pau de sebo, enfiar a faca na bananeira e descobrir as iniciais do futuro amor dentre outras crendices populares que integravam outrora a cultura junina. Entretanto, estão acessas ainda as fogueiras, a permanência da culinária nordestina, as danças, o arraial que reúne amigos e a família. Certamente, nos diria o jornalista e pesquisador, Oswald Barroso, é a resistência da cultura popular, mesmo em transformação.

Permanece, portanto, viva a fé no Antônio, no João e no Pedro, que transformam a vida social no sertão. Viva os três santos populares!

Foto do Honório Bezerra Barbosa

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