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Renascimento de mata ciliar do Jaguaribe em Iguatu
Foto de Honório Bezerra Barbosa
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Jornalista e bacharel em Comunicação Social e Direito

Renascimento de mata ciliar do Jaguaribe em Iguatu

O rio Jaguaribe em áreas rurais de Iguatu e em outros municípios sofre há décadas um processo de degradação a partir da retirada de areia do leito, das margens e de desmatamento e, por causa disso, avanço do rio e destruição de terras agrícolas
IFCE, campus Iguatu (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação IFCE, campus Iguatu

Uma clara demonstração da força da natureza, de uma vontade de se manter viva, como se gritasse aos moradores e autoridades: “ressurgi, não me mate”, vem ocorrendo em um trecho urbano do rio Jaguaribe, na cidade de Iguatu, na região Centro-Sul cearense.

A partir da ponte rodoviária Demócrito Rocha, inaugurada em 1953, é claramente observável a ocupação das margens e até do leito do rio Jaguaribe por matas nativas, denominadas de vegetação ciliar.
As cheias regulares verificadas nos últimos seis anos nos meses chuvosos – março e abril – não destruíram essa vegetação, que se mantém em pé e vai ocupando espaços que antes só se via bancos de areia e margens em pleno processo de degradação.

A proibição nas duas últimas décadas de retirada de areia do leito e das margens do rio Jaguaribe nesse trecho urbano – compreendido em uma faixa de cerca de 4km -, certamente contribuiu para o processo de reflorestamento da mata nativa ciliar.

Não houve necessidade, portanto, de uma ação de reflorestamento, de um programa governamental, que já fora tão falado em décadas passadas, mas que nunca apareceram recursos estaduais ou federais e, por isso, nunca saiu do papel, se é que foi escrito algum dia, um projeto com esse objetivo.

É bem verdade que por volta de 2017 começou a se falar no Projeto Cílios do Jaguaribe para recompor 20ha da mata ciliar do Rio Jaguaribe, em uma ação pioneira. A iniciativa da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) exige da Chesf a implantação do projeto para compensar um passivo ambiental no Ceará decorrido de implantação de rede de alta tensão.

O tempo passou, o projeto atrasou, a área de implantação foi reduzida e dividida entre Iguatu e Tauá. Um plantio de árvores foi introduzido em 2024, em terras do Instituto Federal de Educação do Ceará, em Iguatu, mas um pouco distante das margens do Jaguaribe.

Uma ação que se tornou localizada, incipiente. É claro que o rio Jaguaribe em áreas rurais de Iguatu e em outros municípios sofre há décadas um processo de degradação a partir da retirada de areia do leito, das margens e de desmatamento e, por causa disso, avanço do rio e destruição de terras agrícolas. Não se nega esse fato, mas apenas observamos que quando a ação humana se ausenta, a natureza ressurge e nos deixa a lição: ‘quero viver’.

Foto do Honório Bezerra Barbosa

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