Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
A decisão do Ceará pela não participação do Brasileirão Feminino A2 de 2024 pegou parte das atletas do clube de surpresa. A coluna apurou que membros das Meninas do Vozão não foram avisadas de maneira prévia da renúncia do time, de modo que foram informadas apenas após a publicação da notícia via imprensa. Quando a informação já tinha se tornado pública, as jogadoras foram informadas que poderiam seguir no mercado da bola em busca de novas oportunidades.
Após o título do Campeonato Cearense Feminino de 2023, as jogadoras, que em sua maioria possuía contrato somente até o final do certame, foram liberadas sob a promessa que retornariam em fevereiro, sem um dia específico do mês previsto inicialmente.
No futebol feminino, de praxe, as atletas descansam no início do ano por conta do calendário da modalidade, mas diferentemente do futebol masculino, clubes como o caso do Ceará costumam deixar as atletas os dois meses sem contrato, por questões de custos, para que o vínculo seja então renovado em fevereiro, quando as jogadoras retornam aos times.
A ideia do clube, exposta para as profissionais, era que elas retornassem para assinar o novo contrato em fevereiro, mas o dia específico foi sendo adiado conforme o tempo do mês foi passando sob a alegação de que questões logísticas de alojamento e locomoção do grupo estariam sendo resolvidas. Conforme citado por fontes da coluna, algumas profissionais acharam a movimentação do adiamento estranha, mas não chegaram a reclamar diretamente por achar que o clube as pediria que retornassem somente em março para "economizar na folha", fato compreendido pelas atletas.
Foi pela imprensa, no entanto, que elas ficaram sabendo que o retorno não ocorreria.
Pela repercussão da coluna aqui publicada anteriormente, elas foram informadas que o time feminino adulto não disputaria qualquer competição em 2024, e só depois teriam sido avisadas de maneira direta pelo Ceará, que manteve vínculo obrigatório apenas com as jogadoras que estão no departamento médico.
Segundo prints revelados pelo Jornal dos Sports, nem mesmo o coordenador da modalidade, Lucas Evangelista, sabia da notícia até ela ser veiculada, demonstrando surpresa com o fato. Após uma reunião com toda a comissão técnica, o profissional então comunicou as jogadoras que a notícia da desistência do Brasileirão Feminino A2 era real.
A falta de comunicação no tempo certo gerou frustração, já que as atletas acabaram se sentindo "presas" pelo clube, e até então não haviam buscado outras oportunidades no mercado da bola. Algumas haviam até mesmo recusado convites de outros clubes por entender o quão importante seria na carreira fazer parte da reestruturação do time do Ceará após a trágica queda em 2023, com sequenciais goleadas.
Em janeiro, o presidente do Ceará, João Paulo Silva, comentou sobre a situação financeira do time em um posicionamento sobre dívidas com jogadores e outras equipes. Na oportunidade, ele citou algumas alternativas que seriam utilizadas para sanar as pendências.
A coluna confirmou por meio de diversas fontes que o clube alvinegro também possui pendências com membros e ex-membros do time feminino do Ceará, como premiações e os famosos ‘bichos’ de títulos conquistados, incluindo do Brasileirão Feminino A2 de 2022. Até mesmo rescisões de ex-jogadoras estão pendentes, bem como porcentagens de FGTS e 13° salário.
Procurado pela coluna, o Ceará esclareceu que está regularizado com as pendências de depósito de FGTS com as atletas que encerraram contratos em 2023 e que as pendências em relação ao 13° já foram pagas. O atual presidente do clube, João Paulo Silva, desconheceu, no entanto, negociações referentes a premiação pelo título de 2022, mas ressaltou que está verificando internamente se o débito existe para que seja solucionado o quanto antes. Na época da conquista do título do Brasileirão Feminino A2 de 2022, o clube era presidido pelo ex-mandatário, Robinson de Castro.
Na última quarta-feira, 6, quando a informação de que o clube não havia informado as atletas sobre a desistência no Brasileirão Feminino A2 veio a tona, o presidente do clube, João Paulo Silva, emitiu uma nota oficial em formato de carta aberta direcionada para as atletas.
Confira a carta aberta do mandatário alvinegro
"O futebol feminino no Brasil como um todo e, em especial no Ceará Sporting Club, é motivo de orgulho para nós. Vocês foram guerreiras, enfrentaram os maiores clubes do país e se sagraram campeãs brasileiras em 2022, um feito inédito no Nordeste. Algo que muito nos orgulha e que jamais será esquecido, podem ter certeza.
Acontece que, como muitos já sabem, uma nova realidade financeira tem nos obrigando a tomar decisões difíceis, dentre as quais abrir mão da disputa do Campeonato Brasileiro Feminino deste ano. Entretanto, isso não significa que o clube está extinguindo essa modalidade. De jeito nenhum. Disputaremos ainda este ano o Campeonato Estadual e seguiremos com o sub-15 e sub-17. O futebol feminino é um ativo do clube que merece ser preservado e valorizado.
Abrir mão de uma disputa nacional não é algo confortável, pelo contrário. Sei que vocês sonhavam com o momento de entrar em campo vestindo a nossa camisa, de marcar gols, o que torna esse momento ainda mais delicado. Entretanto, achamos que abrir mão da disputa nacional, em um país continental como o nosso, é o mais sensato neste momento, já que não poderemos oferecer o mesmo suporte que nos levou ao título há dois anos.
No mais, reforço meu compromisso de que, tão logo a situação financeira se estabilize, a gente possa voltar a ter vocês vestindo a nossa camisa e levando o nome do Ceará Sporting Club cada vez mais longe. A volta do futebol feminino profissional é um motivo a mais, um grande incentivo para que a gente busque o acesso à elite do futebol, que vindo, trará consigo a montagem do nosso elenco profissional feminino outra vez. Não vamos medir esforços para que isso aconteça.
Aproveito ainda para reforçar e tranquilizá-las de que cumpriremos com todos os acordos financeiros pré-estabelecidos com as atletas que tiveram contrato encerrado ao fim de 2023".
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