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Economia (d)e guerra
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Professor de História na rede pública Estadual de Ensino do Ceará. Doutor em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa Patrimônio e Memória (GEPPM-UFC) e vice-líder e pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisa História, Gênero e América Latina (GEHGAL-UVA)

Economia (d)e guerra

A ameaça de conflito nuclear, e as sanções econômicas que pairava sobre a humanidade ao longo da vigência da guerra fria, retornam no século XXI a partir do conflito entre russos e ucranianos
Tipo Notícia
UM UCRANIANO camuflado ao lado de sacos de corpos cobertos de neve no quintal de um necrotério em Mykolaiv, uma cidade às margens do Mar Negro que está sob ataque russo  (Foto: BULENT KILIC / AFP)
Foto: BULENT KILIC / AFP UM UCRANIANO camuflado ao lado de sacos de corpos cobertos de neve no quintal de um necrotério em Mykolaiv, uma cidade às margens do Mar Negro que está sob ataque russo

Para tentar explicar o contexto atual, podemos buscar na História exemplos desse cenário de crise. A Revolução de 1917, por exemplo, aconteceu num momento em que a Rússia, embora pauperizada, fazia parte do bloco dos países mais poderosos do planeta.

Pouco tempo depois, as tensões da Grande Depressão de 1930 revelavam os contornos de um novo padrão de crescimento (produção em massa) e impotência dos governos, ou a falta de confiança dos agentes econômicos em resolver os conflitos.

Para sobreviver, o capitalismo clamava por profundas reformas. E isso ocorreria depois do final da II Grande Guerra quando os Estados Unidos concentravam sozinhos a quase totalidade da liquidez mundial, já que seu território não havia sido atacado nem sua infraestrutura e malha industrial foram prejudicadas.

Dali em diante, os EUA reforçaram a posição de maior credor global, condição dada desde o fim da I Grande Guerra. Houve, então, um período de transição em que os Estados Unidos injetaram grandes somas de recursos para reconstruir as principais economias capitalistas devastadas pelo conflito bélico, a partir daquilo que ficou conhecido como Plano Marshall.

Vale ressaltar que durante esse esforço de reconstrução econômica, a “ameaça comunista” da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas aumentava o risco da incorporação de países da Europa oriental ao bloco socialista, principalmente com a vitória da revolução comunista na China.

Essa realidade geopolítica coexistia com o confronto militar da Coreia no início da década de 1950, fornecendo pretexto para mais injeção de recursos norte-americanos no exterior com fins bélicos.

Merece destaque o contexto da chamada Guerra Fria, que marcou a política e a economia globais na segunda metade do século XX. Na perspectiva estritamente político-militar, constituíram-se blocos opostos.

De um lado, o Pacto de Varsóvia, uma aliança militar formada pela URSS e os países socialistas do leste europeu, com exceção da Iugoslávia. De outro, a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN, que uniu as nações capitalistas da Europa Ocidental e os Estados Unidos para prevenir e defender países membros de eventuais ataques vindos do leste comunista.

A ameaça de conflito nuclear, e as sanções econômicas que pairava sobre a humanidade ao longo da vigência da guerra fria, retornam no século XXI a partir do conflito entre russos e ucranianos.

De tudo isso, fica o alerta da história no tempo presente: o conflito está geograficamente bem localizado, mas as consequências para o abastecimento de bens e matérias primas atingem uma escala planetária. 

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