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Cozinha de Ingrediente
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Formado em Gastronomia pelo Centro Universitário Senac São Paulo (2009); Prochef pelo The Culinary Institute of America (2013). Pesquisador da gastronomia cearense é Autor do

Ivan Prado gastronomia

Cozinha de Ingrediente

|cultura|
Tipo Notícia

Nos dias de hoje é cada vez mais comum a preocupação de onde vem o alimento consumido e como esses são produzidos. A conscientização e a valorização do uso de produtos locais têm origem em movimentos europeus. Nos anos 70, a Nouvelle Cuisine surge na França envolvendo grandes nomes da Gastronomia, como Michel Guerrad, Alain Senderens, os irmãos Jean e Pierre Troisgros, Alain Chapel e Paul Bocuse.

Tido como um dos primeiros movimentos de valorização do uso de produto local, a Nouvelle Cuisine se pauta pela busca por produtos frescos e pratos com estética inspiradas em outras formas de arte, quebrando o paradigma de uma cozinha estática desde o século XIX.

Nos anos 80, surge na Itália o movimento Slow Food - claramente em oposição ao Fast Food. Fundado por Carlos Petrini, esse propõe a proteção de identidades culturais ligadas às tradições alimentares italianas, resguardando os processos e as técnicas de cultivo e processamento dos ingredientes herdados por tradição, defendendo ainda espécies locais de vegetais e animais, domésticas e selvagens.

O objetivo é a produção de um bom alimento, limpo e honesto. Isso significa que a refeição deve ser saborosa, produzida de forma a respeitar o meio ambiente e ter um valor justo, tanto para quem produz, quanto para quem consome.

Ferran Adrià, do EL Buli, encabeça nos anos 90 o movimento denominado de Cozinha Molecular. O renomado chef utiliza produtos locais, técnicas e pratos clássicos da cultura Catalã e ousa experimentar com novas tecnologias, surgindo daí inesperadas texturas e sabores para apresentar algo já conhecido. Ele "desconstrói" conceitos, mantendo ingredientes bem presentes nas mesas espanholas.

Já nos anos 2000, surge na Dinamarca o Noma, restaurante do René Redzepi, que traduz a evolução histórica da Cozinha de Ingrediente. O restaurante adotou o uso de insumos 100% locais e que fossem produzidos até 30km de distância, levando o regionalismo à uma nova instância.

Essa busca do homem em entender a sua relação com a natureza leva à compreensão de que cozinhar é um ato político e social. É possível contribuir para a extinção ou o surgimento de um novo produto e, consequentemente, para o desenvolvimento de uma localidade, a partir do que servimos na mesa. Daí a importância de conhecer e ter a dimensão da cadeia produtiva da Gastronomia, refletindo sobre o nosso papel como cozinheiro e consumidor.

Aqui no Ceará, eu como chef executivo do restaurante Mangue Azul, fazemos um compilado desta evolução gastronômica. Utilizamos técnicas universais para reconstruir a nossa cultura local, buscando em nosso passado a inspiração e legado de nossa origem.

Tudo isso passa pela pesquisa e uso dos ingredientes locais, mais não apenas nos limitando a replicar um prato típico, mas construir a nossa visão autoral desta identidade gastronômica e, assim, construímos uma cozinha que denominamos de COZINHA DE INGREDIENTE.

CRUDO DE ATUM COM ACEROLA
CRUDO DE ATUM COM ACEROLA

Crudo de Atum com Acerola

Crudo de Atum
- 100 gr Atum fresco em laminas finas

Agua de Acerola
- 100 gr de acerola
- 15 gr de açúcar
- 10 gr de pimenta dedo de moça
- 10 gr de gengibre
- 50 ml de suco de limão

Modo de preparo:
1. Liguidifique todos os ingredientes da água de acerola e depois coe.
2. Deixe marinando o atum nessa água e depois sirva gelado.
3. Finalize com folhas de coentro ou cebolinha picada

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