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Vira-lata, infelizmente, adoece!
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Jéssica Castelo Branco é médica veterinária formada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Fez residência multiprofissional com ênfase em reprodução animal pela mesma Instituição. Atualmente, dedica-se a clínica médica de pequenos animais e é professora de curso técnico profissionalizante para auxiliares de veterinários

Vira-lata, infelizmente, adoece!

Todo vira-lata precisa receber todos os cuidados de imunização com vacinas anualmente, vermifugação regular, proteção contra pulgas, carrapatos, ácaros e mosquitos transmissores de doenças, assim como todos os cuidados de higiene e bem estar ambiental e nutricional
Tipo Análise
Cachorros vira-lata precisa de cuidado (Foto: Higor Miranda/Shutterstock)
Foto: Higor Miranda/Shutterstock Cachorros vira-lata precisa de cuidado

Que o vira-lata é uma verdadeira paixão nacional todos concordam, mas particularmente me procura muito sempre ouvir frases como “vira-lata é muito resistente” ou “vira-lata não pega doença”. De fato, em comparação com algumas raças, nossos amados vira-latas têm bem menos doenças genéticas, mas isso não significa dizer que eles não precisam dos mesmos cuidados que um cão ou gato de raça pura.

A maioria das raças de cães e gatos que conhecemos hoje é fruto de uma seleção genética promovida pelo próprio ser humano. Os criadores, interessados em características físicas especificas, ainda hoje selecionam e reproduzem indivíduos que mais se enquadram no padrão daquela determinada raça. Isso traz algumas consequências ruins para os animais, principalmente se o criador não trabalhar de forma séria e ética.

Uma dessas consequências é a baixa variabilidade genética e a seleção de genes recessivos que determinam algumas condições de doença. Isso explica porque algumas raças apresentam tantos problemas de saúde.

Do mesmo modo, as características físicas de algumas raças, desejadas pelos criadores, também podem estar associadas a enfermidades, é o caso do focinho cada vez mais achatados de raças braquicefálicas, como shih-tzus, pugs e bulldogs. Esse focinho dificulta a respiração e o resfriamento do ar, tornando esses cães mais propensos a hipertermina e problemas respiratórios e ainda determinam aquela “roncadeira” que faz o cãozinho parecer uma moto velha durante o cochilo.

Essas raças também tem mais propensão, por exemplo, a problemas dermatológicos e oftalmológicos, devido a protusão do globo ocular, que é bem característica dessas raças.
Já o nosso vira-lata, cão ou gato, é fruto de cruzamentos entre indivíduos aleatórios. Sejam eles de raças diferentes ou até mesmos dois vira-latas. O resultado desse cruzamento é um indivíduo Sem Raça Definida (SRD), mas com uma enorme variabilidade genética.

Por isso não há padrão para cães e gatos SRDs, eles podem ser grandes ou pequenos, pernaltas ou baixinhos, ter pelo longo, pelo curto, preto, branco, tigrado, CARAMELO e até fiapo de manda! Essa mistura que a gente ama, é ótima para proteger esses animais de doenças genéticas. Mas não significa dizer que eles não possam tê-las.

E quanto a doenças infecciosas, aquelas que são adquiridas? É totalmente falsa a informação de que cães e gatos vira-lata são mais resistentes e por isso não precisam dos mesmos cuidados preventivos que animais de raça.

Todo vira-lata precisa receber todos os cuidados de imunização com vacinas anualmente, vermifugação regular, proteção contra pulgas, carrapatos, ácaros e mosquitos transmissores de doenças, assim como todos os cuidados de higiene e bem estar ambiental e nutricional.

Eles podem não ser comprados, não serem caros, mas eles são extremamente valiosos. Podem ter vindos de abrigos, feira de adoção ou até mesmo resgatados do meio da rua, mas eles amam e merecem todo cuidado e conforto nos nossos lares.

Foi-se o tempo em que o termo “vira-lata” poderia ter uma conotação ruim ou ofensiva para alguém, porque vira-lata é tudo de bom!! Por isso, assim como qualquer animal de raça seu pet vira-lata precisa ir regularmente ao veterinário fazer exames de rotinas e atualizar os cuidados profiláticos contra doenças.

Foto do Jéssica Castelo Branco

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