Publicitário, especialista em Marketing , Mestre em Administração e Sommelier de cerveja. Desde 2013, atua na área de treinamento, consultoria e educação cervejeira, sendo pioneiro em Fortaleza. Foi professor da disciplina de cultura cervejeira na pós-graduação de gastronomia da Fanor, e é um dos idealizadores e professor do curso de Beer Sommelier do Senac/CE. É colunista de cervejas do O POVO s Sommelier de cervejas do quadro
A capital que já viveu uma fase vibrante, com bares especializados, lojas cheias de rótulos e mesas repletas de conversa cervejeira, hoje parece ter perdido parte desse espírito
Foto: ETHI ARCANJO
Cervejas artesanais de vários rótulos do Bar Hey Ho Beer Pub, localizado no bairro Meireles.
Quando comecei a estudar cerveja, a palavra "artesanal" ainda tinha um brilho romântico. Evocava independência, autenticidade e coragem para desafiar o sistema. Beber uma IPA turva era quase um ato de resistência. Hoje, essa rebeldia parece ter sido engarrafada, pasteurizada e colocada nas gôndolas e aqui em Fortaleza, o cenário deixa isso mais evidente do que nunca.
A capital que já viveu uma fase vibrante, com bares especializados, lojas cheias de rótulos e mesas repletas de conversa cervejeira, hoje parece ter perdido parte desse espírito. Bares e lojas especializadas desapareceram, restando poucas cervejarias e brewpubs que insistem em manter viva a chama da cultura artesanal. Nos supermercados, a fartura de rótulos nacionais e internacionais ficou no passado, o que se vê agora é o mais do mesmo: estilos repetidos e pouca ousadia.
Cursos, degustações e palestras sobre o tema também se tornaram raros. A curiosidade que antes movia o público deu lugar à acomodação. O termo "artesanal", que deveria falar de alma, cuidado e relação direta entre quem faz e quem bebe, passou a soar como estratégia de marketing. Em muitos casos, serve apenas para justificar um preço mais alto e uma estética de independência que já não existe.
Ainda assim, há quem resista. A Turatti que vem ganhando prêmios nacionais e internacionais para nossa terra. Donkey Head, Brewstone, o pessoal da Acerva-CE e alguns pequenos produtores que continuam defendendo o verdadeiro espírito artesanal, aquele movido por paixão, curiosidade e propósito. São eles que mantêm a chama acesa em meio a um mercado que se tornou previsível.
Talvez o que esteja morrendo não seja a cerveja artesanal em si, mas a ilusão que criamos em torno dela. E é por isso que, aqui em Fortaleza, produzir, vender, e beber uma artesanal, tornou-se também um ato de resistência.
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