
Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
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Na última semana escrevi sobre como a vitória de Gustavo Petro nas eleições colombianas ampliou o predomínio da esquerda na América do Sul, com oito países governados por líderes progressistas a partir de agosto. Além disso, onde a direita está no poder o clima não tem se mostrado dos mais favoráveis.
Enquanto Jair Bolsonaro vê o tempo correr ligeiro rumo às eleições de outubro no Brasil e sua desvantagem para Luiz Inácio Lula da Silva seguir imóvel nas pesquisas, Guillermo Lasso está com o nível da água cada vez mais próximo de seu pescoço no Equador.
Por um lado, o presidente equatoriano tem contra si protestos que já duram duas semanas. A Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) está à frente das manifestações contra medidas econômicas de caráter mais neoliberal do governo que resultaram em uma inflação desenfreada, sobretudo em razão da alta dos preços dos combustíveis.
Os atos incluem bloqueios às estradas e marchas em direção à capital Quito com mais de 10 mil pessoas e a ocupação de poços de petróleo, principal produto de exportação do Equador. O governo afirma que se os protestos continuarem a produção pode parar a qualquer momento.
Por outro lado, e em decorrência das manifestações, o Congresso do Equador discute desde o último sábado a destituição de Lasso do poder. A oposição mais ligada ao ex-presidente Rafael Corrêa (2007-2017) aponta o atual mandatário como responsável pela “grave crise política e comoção interna”.
Após adiamentos e uma série de longos pronunciamentos dos 84 deputados inscritos para falar, a decisão do Legislativo deve ficar para a tarde desta terça-feira, 28. Para tirar Lasso do poder, são necessários os votos de 92 dos 137 parlamentares. Embora a oposição tenha maioria, ela é fragmentada e a tendência é que o presidente escape da destituição, mas por uma margem apertada.
Na noite do último domingo, Lasso fez pronunciamento anunciando redução em 10 centavos nos preços da gasolina e do diesel. Detalhe: o presidente fala em espanhol e o vídeo tem legendas em quíchua, uma das línguas oficiais do Equador e que tem origem em vários povos indígenas da América do Sul. Rafael Correa, por exemplo, é falante fluente de quíchua.
A medida não foi suficiente para conter os protestos, que continuaram ontem, mas abriu porta para uma negociação com a Conaie e seu principal líder, o indígena Leonidas Iza Salazar. O mesmo que esteve à frente das manifestações de 2019 contra o governo de Lenín Moreno, antecessor de Lasso que viu a popularidade desabar após romper com o “correísmo” e adotar políticas econômicas mais liberais.
Não faltam exemplos na história de crises econômicas que atingem em cheio governos a ponto de derrubá-los. A falta de dinheiro do povo para obter o básico está no centro dos protestos que podem tirar Guillermo Lasso do poder via Legislativo no Equador.
É a mesma insatisfação com o bolso vazio que tem sido a principal pauta no debate eleitoral brasileiro. E que potencial alto para tirar Bolsonaro do Planalto por meio das urnas, enfraquecendo ainda mais a direita na América do Sul.
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