Sozinho, André Fernandes treinou para interrogar George Washington
João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais
Às 13 horas da quinta-feira passada, 22, o presidente da CPMI do 8 de Janeiro, o deputado Arthur Maia (União-BA), anunciou pausa de 40 minutos para almoço. Peguei meu tripé e me posicionei para conversar com os parlamentares do Ceará que lá estavam. O senador Eduardo Girão (Novo-CE) passou apressado, pois tinha uma reunião com Sérgio Moro (União-PR). Todos os deputados e senadores saíram, menos o deputado André Fernandes (PL-CE) e fui procurá-lo. O parlamentar seria um dos primeiros a falar após o retorno do almoço e estava treinando a estratégia que usaria no interrogatório aos policiais e também a George Washington de Oliveira, o terrorista que tentou atacar o aeroporto de Brasília com uma bomba em um caminhão-tanque com mais de 60 mil litros de combustível.
André estava preocupado. Pouco antes da hora do almoço, o deputado Rubens Pereira Junior (PT-MA) tinha conseguido retirar dos policiais, por meio dos autos do processo, a informação que o quebra-quebra em Brasília no dia 12 de dezembro - data da titulação de Lula como presidente, e a tentativa de ataque à bomba ao aeroporto - em 24 de dezembro - estavam intimamente ligados aos acampamentos bolsonaristas na frente do exército. O delegado da Polícia Civil Leonardo Castro também confirmou que George Washington tinha um arsenal em casa por causa do discurso armamentista de Jair Bolsonaro.
O deputado cearense, que é próximo do ex-presidente, inquiriu os policiais, mas sem muito sucesso. Conseguiu ouvir do delegado Leonardo Castro que não havia nos autos do processo qualquer relacionamento entre George Washington e Bolsonaro, porém o estrago já estava feito. Mesmo com as poucas respostas conquistadas por André Fernandes do terrorista, que invocou o direito de ficar calado, não fizeram efeito. A vitória foi da base governista.
Nordeste em destaque
Além de Rubens Pereira Junior (PT-MA) e de André Fernandes (PL-CE), outros quatro parlamentares tiveram destaque na última semana durante as sessões da CPMI dos Atos Antidemocráticos. Primeiro, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PDT-MA) quase pediu a prisão do ex-diretor Geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. Na sessão seguinte, os deputados Arthur Maia (União-BA) e Duarte Junior (PSB-MA) viralizaram ao esculachar o terrorista George Washington Oliveira.
A CPMI continua nesta segunda-feira,26, quando os deputados vão ouvir o ex-chefe de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, que está preso no Complexo Penitenciário da Papuda. Terça-feira, é a vez do ex-subchefe do Estado Maior do Exército, Jean Lawand Junior - depoimento mais esperado da semana. Jean Lawand disponibilizou o exército a Mauro Cid para uma tentativa de golpe de estado para manter Jair Bolsonaro no poder.
Sem LDO, sem recesso
É direito dos parlamentares: recesso entre os dias 18 e 31 de julho. Está na Constituição Federal e no Regimento Interno da casa. Mas há um asterisco, um parêntese, uma ressalva: A sessão pode ser interrompida em julho, ou seja, não haverá recesso parlamentar no meio do ano, caso não seja aprovado o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Acontece que este ano os parlamentares não vão aprovar o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2024 a tempo. O PLDO está vinculado e depende da aprovação do texto do Arcabouço Fiscal. A nova regra fiscal foi aprovada no Senado Federal na última semana e volta para a Câmara dos Deputados por causa das mudanças feitas por Omar Aziz (PSD-AM), relator da matéria no Senado.
A solução encontrada por Arthur Lira foi conceder o recesso driblando a Constituição Federal - deixando o Plenário aberto para sessões não deliberativas. "Não pode ter recesso, mas vamos conceder recesso branco", disse o presidente Arthur Lira. Os senadores vão embarcar nessa também, mesmo a medida custando muito ao bolso do cidadão. Segundo a ONG Contas Abertas, o recesso branco custa R$ 1 milhão por hora aos cofres da União.
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