Com ajuda do Centrão, Governo barra anistia a Bolsonaro
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais
Com ajuda do Centrão, Governo barra anistia a Bolsonaro
Grande parte dos partidos de centro apoiou o perdão ao ex-presidente, mas o Governo se apoiou nos nomes fortes de União Brasil, PP, MDB e PSD. Bolsonaro não será contemplado
Foto: Ricardo Stuckert / PR
PRESIDENTE Lula, entre os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (D), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (E), em fevereiro de 2025
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O Governo Federal mandou um recado forte ao Brasil e, porque não, ao Ceará: pra que temer a federação União Progressista na oposição se é possível se aliar a parte dela? Foi isso que fez a base governista de Lula segurar o Projeto de Lei da Anistia, que quase foi à votação na última semana na Câmara dos Deputados. Mas, olha… passou perto, mesmo.
O que ocorre é que o ex-presidente Jair Bolsonaro viu a água chegar no pescoço e pediu ajuda. Os senadores Flávio Bolsonaro e Rogério Marinho chegaram a procurar Davi Alcolumbre. Hugo Motta também recebeu ligações de Sóstenes Cavalcante e Luciano Zucco. Nenhum dos dois quis visitar o ex-presidente, que se encontra em prisão domiciliar. A última cartada foi Arthur Lira, ex-presidente da Câmara e nome que ainda tem muito poder na Casa. Ele aceitou encontrar o aliado.
Lira fez campanha por Bolsonaro, se dizia o maior bolsonarista de Alagoas, se reelegeu deputado e presidente da Câmara com apoio do ex-presidente e sempre foi tido como um deputado leal aos acordos (guarde essa informação). Ele pediu, Moraes aceitou, e Lira foi ao encontro de Jair. Uma conversa discreta e revelações monossilábicas. "Tratou sobre anistia, presidente?". "Sim", respondeu, sem querer aprofundar.
O assunto ganhou corpo e chegou à reunião de líderes partidários. União Brasil e Progressistas pediram para votar a Anistia e o requerimento alcançou a maioria dos líderes. Aqui, vale trazer um ponto interessante: em abril deste ano, Gleisi Hoffmann chegou a informar que Pedro Paulo, do União Brasil, seria ministro das Comunicações. Foi justamente o mesmo Pedro Paulo quem apoiou o PL da Anistia na reunião.
Ao ver a possibilidade de votação, o governo contra-atacou em três frentes. O líder do PT, Lindbergh Farias, seguiu para o Supremo Tribunal Federal. A ideia era alertar a imprensa, concentrada na frente do tribunal. "Existe essa discussão, cresceu um movimento com a presença aqui do governador de São Paulo, Tarcísio, de colocar em discussão essa questão da anistia para depois do julgamento", disse o deputado.
A ministra Gleisi Hoffmann e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, passaram as mãos nos telefones. Ela ligou para Hugo Motta e para Arthur Lira. Ele contatou Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco. O presidente do Senado logo afastou a ideia de votar qualquer perdão a Bolsonaro na Casa Alta. Ele, que é acostumado a só falar em off (no jargão jornalístico, sem aspas e indicação de quem informou) disse que os jornalistas podiam publicar o que ele disse.
Hugo Motta, que é mais inseguro, procurou os 'gurus' Isnaldo Bulhões (MDB) e Antônio Britto (PSD). Ambos se mostraram totalmente contrários à proposta. Ao retornar o contato a Lira, Motta encontrou um ex-presidente mais afeito à ideia da tal Anistia Light, sem Bolsonaro. Lira foi lembrado que ainda tem cargos no Governo, como no Ministério dos Esportes e, principalmente, na Caixa Econômica Federal. Ele, leal aos acordos, e recuou.
No primeiro embate contra a oposição bombada, anabolizada pelo União Progressista, o Governo Federal sai vitorioso. Não é preciso ter toda a federação como aliada. Enquanto Lira e Alcolumbre estiverem com os governistas, Lula pode ficar tranquilo.
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