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Os bastidores do beija-mão de Messias no Senado
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais

Os bastidores do beija-mão de Messias no Senado

Por causa do tempo curto, indicado de Lula encontra senador em estacionamento e usa julgamento sobre o aborto para persuadir conservadores
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Jorge Messias, indicado de Lula para o STF, conversa com senador no estacionamento do Senado Federal (Foto: João Paulo Biage / O POVO)
Foto: João Paulo Biage / O POVO Jorge Messias, indicado de Lula para o STF, conversa com senador no estacionamento do Senado Federal

“Pois é… já está 2-0 lá”, é uma das frases ditas por Jorge Messias, indicado de Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF), nas conversas com parlamentares conservadores. Messias cita o julgamento para descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gestação para tentar capitalizar votos da bancada evangélica e da oposição.

A ideia não é só ressaltar o currículo e a trajetória dele, mas lembrar que Lula pode indicar outro jurista identificado com os votos dados por Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

Vamos combinar… a estratégia é genial e faz a bancada evangélica fazer as contas: Messias, André Mendonça, Kássio Nunes Marques e Luiz Fux garantem 4 votos contra a pauta. Do outro lado, que já tem os dois votos citados, ainda é possível somar os prováveis votos favoráveis de Cármen Lúcia e Edson Fachin.

Foi assim que Jorge Messias e interlocutores dele plantaram a sementinha do voto governista na senadora Damares Alves. “Todos os dias eu ajoelho, oro, faço jejum e peço a Deus para me guiar nesse voto”, confessou a bolsonarista à coluna, sem rejeitar a possibilidade de votar pela aprovação de Messias. O quase xará, Mecias de Jesus, que também é evangélico, também já se rendeu.

Os 31 votos contados pelos governistas já viraram 34, mas todo cuidado é pouco. O ok para a votação só vai ser dado quando houver segurança: no mínimo, 48 votos.

Aí você me pergunta “Biage, mas o Alcolumbre não já pautou a sabatina para o dia 10?”. E eu devolvo “mas com quem?”. Isso porque Lula anunciou o nome de Messias mas não enviou a mensagem oficial ao Senado. Com isso, não há indicação - e Davi Alcolumbre não pode marcar a sabatina.

Conversa ao pé do ouvido no estacionamento

Mesmo com a estratégia do governo de adiar a sabatina caso seja necessário, para não azedar ainda mais a relação entre Lula e Alcolumbre, Jorge Messias aproveita todo o tempo possível para fazer o corpo a corpo com os senadores. Desde terça, ele já esteve com Augusta Brito (PT-CE), Otto Alencar (PSD-BA), Jussara Lima (PSD-PI), Wellington Fagundes (PL-MT), Eliziane Gama (PSD-MA), Sérgio Petecão (PSD-AC) e Eduardo Braga (MDB-AM).

Nenhuma dessas conversas, porém, chamou tanto a atenção quanto o diálogo com Ângelo Coronel (PSD-BA). Os dois se encontraram no estacionamento externo do Senado Federal. Uma conversa, praticamente, no meio da rua, ao pé do ouvido. O pouco tempo dado por Alcolumbre, para pressionar Messias, o faz aproveitar todos os minutos na Casa Alta.

Assista:

Particularmente, eu nunca tinha visto algo do tipo. É até comum que indicados a cargos menores entreguem currículos nos corredores do Senado e façam o beija-mão mais informal, mas indicado a ministro do STF fazer isso? Bateu o desespero!

Foto do João Paulo Biage

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