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Ex-presidente do Inep prefere "regime militar" a "ditadura"
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Ex-presidente do Inep prefere "regime militar" a "ditadura"

Marcus Vinícius Rodrigues, ex-presidente do Inep, defende o que recomendara à chamada comissão de inspeção do Enem. Na Inep, acatou as indicações e defendeu o uso do termo "regime militar" em vez de "ditadura"
Marcus Vinícius é engenheiro eletricista formado pela UFC e tem doutorado em Engenharia da Produção pela UFRJ (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Marcus Vinícius é engenheiro eletricista formado pela UFC e tem doutorado em Engenharia da Produção pela UFRJ

Fortaleza - O cearense Marcus Vinícius Rodrigues teve uma vida curta no Governo Bolsonaro. Ficou de 22 de janeiro de 2019 a 26 de março daquele ano como presidente do Inep, o responsável pelo Enem. Foi quando houve a chamada comissão de inspeção do Enem. Na época, acatou as indicações e defendeu o uso do termo "regime militar" em vez de "ditadura". No último dia 11, o jornal O Globo revelara que a comissão sugeriu a troca do termo. O grupo barrou 66 perguntas alegando, por exemplo, risco de "leitura direcionada da história". Marcus é doutor em Engenharia da Produção e membro da Academia Brasileira de Ciências da Administração (ABCA)

O POVO - O senhor diz ser muito mais adequado em uma prova constar "regime militar" do que "ditadura". Por quê?

Marcus Vinícius - O debate entre os termos "regime militar" e "ditadura" surgiu dentro da comissão que criei no Inep. Nem toda a sociedade e historiadores brasileiros concordam com o termo ditadura para o período de 1964 a 1985. Já uma prova do Enem é feita para todos. Então porque manter um termo que pode trazer interpretações não confortáveis para alguns candidatos? Agora minha posição pessoal, independente da comissão é que o termo regime militar é mais adequado, sim. Foi um período lamentável, os excessos ocorreram nos dois lados. Mas é preciso lembrar que o movimento de 1964 surgiu a partir de um apelo da sociedade diante do caos da época. Naquele momento ele refletiu o sentimento da maioria da população. Durante o Regime Militar foi definido um norte para o Brasil, com infraestrutura e crescimento. Infelizmente tivemos lideranças dos dois lados que radicalizaram o processo. E o pós 1985, com a morte de Tancredo, e Sarney assumindo o governo foi dramático.

OP - O senhor defende comissões periódicas, “independentes e sem postura ideológica" para analisar a prova do Enem. Como seria uma postura não ideológica?

Marcus Vinícius - Quanto às comissões periódicas tecnicamente são aconselháveis e necessárias para minimizar não conformidades nas questões do exame. O objetivo de cada questão é a medição do conhecimento do candidato, logo não pode se considerar posições ou crenças pessoais do autor da questão. Uma questão não pode dar margens a polemicas regionais, conflitos quanto a gêneros, preconceitos entre classes sociais, intolerância religiosa, misoginia ou racismo estrutural.

OP - As provas dos vestibulares federais e do Enem, mais recentemente, tinham uma nítida linha ideológica à esquerda? Por quê?

Marcus Vinícius - Toda minha formação acadêmica (Graduação/UFC, Mestrado/UFMG e Doutorado/UFRJ) foi realizada dentro das Universidades Federais (IES federal). Eram locais de debates democráticos, onde os atores tinham conhecimento dos dois lados da moeda. Nas escolas de ciências sociais e também nas de tecnologias, os positivistas, os marxistas, os weberianos, os empresários e os trabalhadores, conheciam as teses opostas e debatiam com respeito. Hoje não! Entrar em uma IES federal e dizer que não é marxista é considerado uma ofensa. Só há uma visão que se batizou de esquerda. Mas, o mais grave é que tudo isso tem sido feito sem um conhecimento ampliado. Vários que se dizem de esquerda nas IES federais, nunca leram de forma consistente suas referencias ideológicas. E muito menos as outras tendências. E o grave é que alguns desses profissionais elaboram questões para o Inep, e ai temos uma grande inconsistência no processo.

OP - O senhor sugere que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, deveria se posicionar sobre o tema?
Marcus Vinícius - Claro! O Ministro da Educação deveria ser nossa referencia maior quando se trata de educação e em particular do Inep e Enem. A sociedade deve está querendo saber qual a opinião do atual titular da pasta da Educação, e não de ex-presidentes do Inep ou de ex-ministros da Educação.

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