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Diplomacia: manual do que não fazer
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Diplomacia: manual do que não fazer

A fala do presidente da República contra a China, mesmo sem citar explicitamente o nome do país asiático, reforça o movimento espontâneo do Brasil rumo à margem. Causou mal estar diplomático e pode atingir relações econômicas importantes para o Brasil
Tipo Opinião
Inspeção de qualidade nas instalações de embalagem da fabricante chinesa de vacinas Sinovac Biotech, contra a Covid-19, organizada pelo governo chinês em Pequim
 (Foto: REUTERS/Thomas Peter/File Photo)
Foto: REUTERS/Thomas Peter/File Photo Inspeção de qualidade nas instalações de embalagem da fabricante chinesa de vacinas Sinovac Biotech, contra a Covid-19, organizada pelo governo chinês em Pequim

As ilações formuladas pelo presidente da República contra a China, embora mais tarde negadas, reforçam o movimento espontâneo do Brasil rumo à margem. Ao voltar a sugerir que o coronavírus pode ter sido uma criação de laboratório ou ainda que hábitos alimentares inusitados seriam a causa, o presidente deixa uma certeza: não basta mudar o chanceler. Ernesto Araújo foi demitido também porque causou danos à política externa, Era um ministro. Mas e quando o chefe do Executivo é o autor da injúria?

O episódio acontece cerca de uma semana depois de o novo chanceler, Carlos França, trocar afagos com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. Ambos prometeram estreitar os laços Brasília-Pequim. Até quem não passa na prova do Instituto Rio Branco sabe o que não se deve fazer com outro país. Ainda mais quando esta nação é o maior parceiro comercial e determinante como fornecedor de insumos para vacinas.

No devastador ano passado, a China foi um dos poucos países a aumentar a demanda por produtos brasileiros. Compra muita commodity. É o que temos. Soja, minério e petróleo. O tripé sustenta 74% das exportações nacionais para lá. Mas não apenas.

O país comunista (esses comunistas, diriam os tiozões de rede social), foi o líder na compra de açúcar, carne bovina, celulose e frango. Isso sem contar o potencial. Na medida em que a China evolui no consumo, ergue-se uma muralha de oportunidades para empresas brasileiras. O comércio eletrônico de lá movimentou US$ 1,9 trilhão em 2020. Na última década, o Brasil teve superávit de US$ 170.5 bilhões com a China.

Em tempo: em 2000, o asiático nem sequer aparecia no ranking dos 10 maiores parceiros. Era 2%. Assim sendo, nem que não estivéssemos de joelhos ante a dependência do IFA (insumo para vacina), já teríamos razões de sobra para sermos menos rasteiros no trato. A propósito, ao tempo em que o Brasil mostra o que não se deve fazer em termos de diplomacia, o Governo Biden já anunciou a defesa da quebra de patente para vacinas, indo de encontro aos interesses das grandes corporações farmacêuticas.

Ao fazer isso, facilitam a produção de imunizantes pelo mundo. Foi com o coração? Sim ou não. Mas, decerto, com impacto econômico claro. Os EUA precisam de um mundo saudável, feliz, vacinado. É assim que as pessoas consomem produtos manufaturados, tecnologia e cultura, aquilo que os norte-americanos têm para vender. É assim que o mundo gira. Ah, mas aqui temos até terraplanistas.

STARTUPS

Carla para além da Marquise

Carla Pontes, CEO da Marquise Participações e sócia-investidora da Cash.in, fintech que trabalha com o pagamento de prêmios de incentivos, mira na captação de novos negócios para a startup, em seu terceiro ano de operações. Carla também está à frente da Evolve, uma investidora de negócios cujo foco é identificar no mercado empresas de médio e pequeno porte. Na Cash.in a meta é fechar o ano com mais de 70 clientes e 50 mil usuários na plataforma.

 Vice-presidente da República, Hamilton Mourão, quando foi vacinado contra a Covid-19
Foto:
Vice-presidente da República, Hamilton Mourão, quando foi vacinado contra a Covid-19

HOJE ÀS 9

Conversa com o vice

O vice-presidente Hamilton Mourão será entrevistado hoje, às 9 da manhã, no programa O POVO no Rádio, na rádio O POVO CBN (95.5 FM, AM 1010, no app @opovocbn, no Facebook do O POVO e da Rádio O POVO CBN, além do Youtube do O POVO). Mourão lidera o Brasil na Comissão sino-brasileira de alto nível de concertação e cooperação (Cosban). A próxima reunião será no segundo semestre.

BARES E RESTAURANTES

O tamanho da queda no consumo no NE

O consumo em restaurantes, bares, lanchonetes e padarias no Nordeste registrou queda de 36,3% em março, enquanto a média nacional foi de -34,2%, é o que apontam os índices divulgados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em parceria com a Alelo. Na comparação com o mesmo período de 2019 (quando a pandemia não havia), os supermercados tiveram aumento de 8,8% no valor gasto. Os Índices de Consumo em Restaurantes (ICR) mostram ainda retração de 46,9% na quantidade de vendas, impacto ainda maior que o observado em fevereiro (-36,4%).

Horizontais

Pix - Desde ontem, o iFood amplia a cobertura do meio de pagamento PIX para seus usuários. No Nordeste já começou em Recife, Salvador, João Pessoa, Maceió e Natal. Fortaleza ainda não.

Filantropia - O Facebook anunciou a doação de R$ 10,8 milhões para a ONG Ação da Cidadania. A Organização combate à fome no Brasil, agravada pela pandemia. É a maior doação individual por uma empresa no País à campanha "Brasil Sem Fome".

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