Fortaleza - “Não fico nesse inferno”. O desabafo é do agora ex-presidente do Banco do Nordeste, Romildo Rolim, ao Blog. Ele definiu como inferno a “briga pelo poder” no BNB. Romildo define-se como um cristão e católico crente na ideia de que “não há mal que não traga o bem”. Mostrando-se sereno, Romildo declarou que vai tirar férias e depois pensar para onde ir na estrutura do Banco. Anderson Aorivan da Cunha Possa, diretor de Negócios, assume interinamente como presidente.

Romildo era superintendente antes de assumir a Presidência. O estopim para a demissão dele foi o vídeo postado pelo presidente do partido Liberal (PL) criticando a contratação da organização Instituto Nordeste Cidadania (Inec) para operar a rede de agentes de microcrédito do Banco. O Inec, formado por nomes ligados aos PT, é contratado do BNB desde 2003, primeiro ano do mandato de Lula na Presidência da República.

Executivos ligados a Romildo têm repetido não haver razão para a celeuma. Citam seguidas auditorias feitas ao longo dos anos. O fato de o Inec ser uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) tornaria a operação mais barata para o BNB. A disputa política pelo controle da instituição envolve muito poder político e econômico. A carteira de microcrédito está na casa dos R$ 30 bilhões.

Segundo Costa Neto, Bolsonaro o cobrou por mensagem no WhatsApp ao descobrir que a atual gestão manteve contrato de R$ 583 milhões com o Inec.

Funcionário do Banco há 32 anos, Romildo esteve na cadeira de presidente por três anos e sete meses e lista uma série de feitos de sua gestão como balanços positivos. Ele destaca os balanços “mais robustos”, o crescimento do Banco. Romildo vem dizendo aos colegas de Banco estar tranquilo quanto à ter mantido o contrato porque não há nada de irregular. Reconhecido como técnico, ele repete que o critério é a eficiência. O BNB é um case nacional em microcrédito.

DESMAME

O Blog apurou que a gestão de Romildo começou processo de credenciamento de outras organizações para operar ao lado do Inec ou em substituição a ele. Em julho foi aprovado o início de estudos para a contratação. “A ideia é ir desmamando”, disse um executivo do Banco no Passaré.

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