Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará
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Fortaleza - O motim de 2020 agora já tem sangue. E é de um senador da República. Intempestivo ou não, açodado ou não ao enfrentar hordas de mascarados no quartel da PM em Sobral, mas um senador. Os tiros contra Cid Gomes (PDT) são de uma gravidade descomunal e foram também um disparo contra a sociedade acuada pela arruaça.
As cenas de carros de polícia desfilando com homens mascarados ao volante e nas janelas, todos armados, ou ainda ordenando o fechamento do comércio, caracterizam o absurdo. O modo de agir é típico das facções criminosas por eles combatidas. Esta cena levou Cid a embarcar para Sobral.
A atitude dele em seu berço político, onde foi prefeito por dois mandatos e onde seu irmão Ivo Gomes é o atual gestor, teve imenso sentido simbólico. Mexeram na sua terra natal. Ademais, o enfrentamento foi também uma espécie de segunda chance dele contra os militares militantes, em larga medida por ele tolerados quando era o governador.
No motim de 2011, Cid poderia ter sido mais incisivo, mas optou pela prudência. Talvez em exagero, talvez cedendo demais. Mas certo mesmo é que a impertinência da tropa cresceu ali, quando o movimento conseguiu o que queria, à custa do terror.
Do terror também brotaram lideranças corporativas. Elas ganharam corpo e votos até se tornarem oposição a seu grupo político. Soldado, cabo e capitão. A propósito, líderes em crise desta vez. Viraram establishment e simplesmente não mais lideram a tropa insurreta e visivelmente atabalhoada. Eles não foram detidos quando do motim de 2011, mas seguem presos a uma pauta monotemática.
No 29 de julho de 1997 policiais amotinados marcharam do Centro ao Meireles. Na avenida Barão de Studart, se depararam com homens do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), tropa de elite da PM cearense leal à Constituição. O choque foi inevitável. No confronto, com tiroteio entre policiais, o então comandante da Corporação, o coronel Mauro Benevides, foi atingido nas costas.
Foi a gota de sangue que estancou o movimento.
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