Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.
Foto: Douglas Magno/CPB
Além de Yeltsin, Jerusa também faturou medalha de ouro no atletismo da Paralimpíada de Paris na última terça-feira, 3 de setembro
Os Jogos Paralímpicos 2024 terminam neste domingo, 8 de setembro. Após 12 dias de competições em terras francesas, é possível afirmar que os brasileiros, mais uma vez, são destaques.
Olhando para a cobertura do O POVO, afirmo ser digna de elogios. Editorial, colunas, local dedicado na home e nas páginas internas do portal O POVO, artigos em Opinião, chamadas nas primeiras páginas da edição impressa, publicações nas redes sociais e quadro na rádio O POVO CBN, os dois últimos com a participação do jornalista Carlos Viana, compuseram o conjunto de espaços utilizados para dar vazão ao volume de conquistas e celebrações.
Para além das matérias oriundas de agências de notícias, também foi produzido conteúdo próprio, vide o exemplo da matéria do dia 27 de agosto, véspera da cerimônia de abertura, apresentando os quatro cearenses presentes na competição internacional. Diferentemente das Olimpíadas, realizadas entre 26 de julho e 11 de agosto, as redes sociais do Grupo não exibiram vídeos com a trajetória das personalidades brasileiras no evento esportivo.
Atento ao tema, Vicente Cristino, integrante do Conselho Consultivo de Leitores 2024, avalia que a cobertura do O POVO ficou na frente, mostrando a importância que os esportes paralímpicos têm na vida das pessoas com deficiência.
Vicente é professor de Educação Física e mestre em Educação Especial, engajado em uma série de atividades voltadas a Pessoas com Deficiência (PcD). "A cobertura realizada pelo O POVO foi superior às anteriores, mas deveriam dar algumas explicações por exemplo:
Quem pode competir e suas deficiências? Como são feitas as classificações? Locais onde Fortaleza podem treinar? Qual a importância das paralimpíadas na vida dos atletas?", aponta o conselheiro, que faz um lembrete: "Nenhum candidato à Prefeitura de Fortaleza mencionou ou comentou sobre o evento ou que irão fazer para pessoas com deficiências".
Outra crítica do conselheiro foi direcionada ao programa Esportes do POVO, da O POVO CBN: "O nome deveria mudar para Futebol do POVO, já que só fala 99% futebol. Poderia colocar pelo menos um minuto falando e outros esportes, respeitando o nome do programa".
Na coluna da última quarta-feira, 4, o editor-chefe de Esportes, André Bloc, resumiu bem, não só o planejamento, mas uma esperança: "Aqui, no Esportes O POVO, optamos por ter uma cobertura diária dos Jogos Paralímpicos. Uma manchete de página todo dia. Chamada na capa do jornal todo dia. Várias matérias no portal e no Instagram, todo dia. Tem vídeo próprio, com participação de um repórter com deficiência, o Carlos Viana. Todo dia. O que fazemos é insuficiente, porque o jornalismo é insuficiente. A audiência é tímida e extremamente relevante. Os Jogos Paralímpicos são os esportes em que o Brasil é potência. Quem sabe, um dia, o brasileiro aprende a valorizar na medida que esses atletas merecem. A porta para esse conhecimento está aberta".
Ainda na linha positiva, o editorial intitulado "O Brasil e os Jogos Paralímpicos", publicado na segunda-feira, 2, atestou: "Os triunfos esportivos nem sempre são individuais. Um atleta com deficiência que representa o Brasil em uma competição internacional é uma vitória de toda a nação".
Ainda o Bagatelle e o Demoiselle
Este espaço no domingo passado, dia 1º de setembro, abordou um assunto que vem movimentando os canais de contatos com a ombudsman na fase prévia, no dia e até o momento em que estou redigindo esta coluna (já no aguardo de mais reverberação). O título foi "O Bagatelle, o Demoiselle e os ruídos" em referência ao condomínio localizado na avenida Santos Dumont, em Fortaleza.
O texto agradou e contrariou todos os lados. E aí incluem moradores, que tinham uma expectativa de o conteúdo ser aberto para não assinantes e fosse repercutido também no Instagram, como ocorreu com a nota que gerou toda a discussão. Insatisfação porque não houve uma retratação por parte do O POVO, assim como análise de outro leitor por não considerar o tema relevante. A lista é vasta.
Sem surpresas, a coluna também desagradou à construtora envolvida na questão. A assessoria de imprensa da Reata Arquitetura & Engenharia enviou um pedido de direito de resposta. Chegou uma longa carta, de quase duas páginas, com uma sequência de cinco parágrafos iniciados com "Declaramos".
Trechos do texto serão publicados logo mais, não por causa do argumento de "direito de resposta", considerando que se confio nas fontes ouvidas, eu sustento o que ali escrevi. E assim foi feito. E assim foi publicado.
O primeiro parágrafo da longa correspondência vai de encontro ao que ouvi de uma série de moradores. "Em reunião com a presença expressiva de proprietários dos Eds. Bagatelle e Demoiselle, no dia 24/11/2020, a Reata apresentou uma nova possibilidade de moradia para todos: o clima foi positivo e de natural interesse da maioria, sendo a reunião filmada e gravada. De lá para cá, dos 120 proprietários, 62 já assinaram um documento inicial indicando o seu interesse na proposta, em função do conforto e da melhoria técnica de uma nova edificação, além de um valor mais baixo de taxa condominial. No entanto, isso não significa que a empresa tenciona realizar essa operação neste momento".
Por outro lado, foi unânime o relato negativo de moradores sobre a realização deste encontro no fim de 2020, no auge da pandemia. Classificada como desastre, diante da forma como a proposta foi apresentada e expressões usadas para se referir ao local.
Uma das fontes ouvidas pela coluna passada foi, inclusive, citada no texto da Reata, deixando explícito, na visão da construtora, que o morador é contra a venda das unidades por ser inquilino e não proprietário do apartamento. "Como se trata de um inquilino, é fácil concluir que o seu interesse - bastante claro - é o de manter a situação atual, não participando de taxas extras por não ser proprietário e pagando um aluguel abaixo do preço de mercado, pelo atual estado depreciado do imóvel que ocupa. Numa pesquisa junto à população dos prédios, certamente o interesse numa nova unidade será senso comum entre os proprietários - por razões óbvias…".
Mais uma vez, o fragmento vai de encontro ao que foi relatado pelos condôminos, que destacaram as benfeitorias e boas condições estruturais de ambas as torres, também citadas na coluna do dia 1º.
Diante de tantas insatisfações, a coluna também teve repercussão positiva, considerando a abordagem relacionada a conteúdos de colunas sociais, assim como a relevância de valorizar a memória da Cidade.
A íntegra da carta pode ser lida abaixo:
"Cara jornalista Joelma Leal:
Sobre o teor da coluna da Ombudsman do último domingo (1/9) no jornal O Povo, intitulada “O Bagatelle, o Demoiselle e os ruídos”, a REATA Arquitetura & Engenharia vem esclarecer:
Em reunião com a presença expressiva de proprietários dos Eds. Bagatelle e Demoiselle, no dia 24/11/2020, a Reata apresentou uma nova possibilidade de moradia para todos: o clima foi positivo e de natural interesse da maioria, sendo a reunião filmada e gravada. De lá para cá, dos 120 proprietários, 62 já assinaram um documento inicial indicando o seu interesse na proposta, em função do conforto e da melhoria técnica de uma nova edificação, além de um valor mais baixo de taxa condominial. No entanto, isso não significa que a empresa tenciona realizar essa operação neste momento.
O fato do Bagatelle e Demoiselle terem sido citados em nota do colunista Clóvis Holanda foi apenas um recorte sobre vários temas que a Reata expôs recentemente à imprensa. Nessas ocasiões explanamos que o DNA da empresa, fundada por um arquiteto, é o de aprimorar as edificações por meio do design arquitetônico e da sua integração com o entorno, trocando muros por grades, investindo em paisagismo e no transplante de árvores, implantando obras de arte nos recuos dos prédios. Em suma: por meio de projetos que se baseiam numa relação de gentileza urbana com o entorno – muito antes que se falasse no assunto!
Dito isto, a REATA discorda do publicado, com base no texto claramente tendencioso de um inquilino do apartamento 1202 do Edifício Bagatelle, Sr. Rérisson Máximo – que não é proprietário. Se proprietário fosse, certamente o arquiteto reclamante teria o maior interesse num processo que resultasse na troca de seu apartamento com 54 anos de construção por um novo, com vagas no subsolo (e não a céu aberto), com elevadores modernos, academia de ginástica, piscina de água aquecida, placas fotovoltaicas para redução de custos condominiais, e com toda a tecnologia que promova a qualidade de vida dos usuários. Mas como se trata de um inquilino, é fácil concluir que o seu interesse - bastante claro - é o de manter a situação atual, não participando de taxas extras por não ser proprietário e pagando um aluguel abaixo do preço de mercado, pelo atual estado depreciado do imóvel que ocupa. Numa pesquisa junto à população dos prédios, certamente o interesse numa nova unidade será senso comum entre os proprietários – por razões óbvias...
Além disso, a REATA jamais declararia que vai demolir os edifícios, como foi dado a entender pelo leitor reclamante. Trata-se de projeto de longo prazo, até por estar a empresa envolvida em diversos outros processos de renovação de edificações em estado muito mais precário, sem elevadores, e que oferecem sério risco de colapso se não forem feitos investimentos elevados, fora do alcance econômico dos seus atuais moradores. Não é esse o caso do Demoiselle e Bagatelle, por certo, o que levará essa operação a um cenário mais distante. Discorda ainda, na opinião de seu fundador e arquiteto, que os referidos prédios possam ser considerados obras de relevância no patrimônio arquitetônico de Fortaleza, e que certamente darão lugar a edificações de padrão técnico e arquitetônico bastante superiores – o que naturalmente acontecerá no futuro.
No entanto, o Demoiselle e o Bagatelle foram pioneiros em sua proposta verticalizada com quinze pavimentos, numa época em que os condomínios vizinhos adotavam o critério de lotes apinhados por blocos de pilotis e três pavimentos, sem área de lazer e com má orientação das unidades em relação ao sol e ao vento. Dessa forma, essa obra se destaca pela sua implantação pioneira, mostrando como a verticalização adotada com critério pode melhorar o entorno urbano e o conforto dos usuários.
O que realmente podemos declarar é que, a partir de acordos firmados, a REATA continuará a oferecer edificações com apartamentos modernos que contemplem os moradores de construções depreciadas, sem elevadores, sem espaço de convivência, sem a necessária segurança para os residentes.
Declaramos ainda que esses projetos de renovação se darão sem qualquer processo de gentrificação urbana, mantendo essas famílias no mesmo lugar onde residem há décadas, mas em condições de conforto e de segurança que todos merecem.
Declaramos que esses projetos de renovação certamente prevenirão acidentes futuros e possivelmente salvarão vidas, evitando tragédias como as ocorridas no Ed. Versailles ou no Ed. Andrea.
Declaramos que esses projetos respeitarão a história e a contribuição de artistas locais, sem deixar de apostar num processo de renovação urbana na região em que atuamos.
Declaramos ainda que a REATA sempre adotará o critério de garagens subterrâneas em seus projetos, ainda que esse processo aumente o prazo de construção e o custo da obra, mas evitando paredões aéreos com prejuízos aos vizinhos, ao entorno, à arborização, à ventilação e aos transeuntes.
Declaramos finalmente o nosso firme propósito de continuar agregando mais valia ao espaço urbano, num processo em que a verticalização em nada prejudique os recuos, a ventilação e a cobertura vegetal, acolhendo e convidando o transeunte a caminhar por Fortaleza em passeios largos, sombreados e ventilados, com fachadas ativas, e com um indispensável sentimento de segurança e de pertencimento à cidade que todos queremos ter.
REATA Arquitetura & Engenharia"
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