Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.
Uma das observações veio do médico Antonio Silva Lima Neto (Tanta), que integrou o Conselho de Leitores 2023: "Talvez seja só uma impressão, mas não tenho entendido bem algumas manchetes do O POVO. Corretamente, quando alguém diz 'prepara teu caixão' (imagina você na rua e alguém pronuncia essa frase no seu ouvido) isso se constitui, sem qualquer interpretação alternativa, uma ameaça de morte como muito bem aponta o jornalista do UOL ('Vereador bolsonarista ameaça de morte candidato do PT em Fortaleza; assista'). Por que a chamada do jornal supracitado trata como 'ataca'? ('Inspetor Alberto xinga e ataca Evandro Leitão: 'Prepara teu caixão, vagabundo'. Agora mesmo essa discussão ocorreu na Edição das 18h da Globonews, e ninguém usou de eufemismo. Essa é claramente uma ameaça. E ainda ridicularizaram a desculpa caixão por carvão. Por que eu não percebo isso no principal jornal local? É espantosa a suavidade com que a indiferença com os feminicídios (e ignorância seletiva) ou a apologia da morte são tratadas pela redação. Merecem abordagens tão superficiais (inclusive dos colunistas) que beiram uma omissão dolosa. Enfim, tá esquisito", compara.
O colunista e editor-chefe de Política, Érico Firmo, explica: "Optamos por reproduzir, desde a manchete, a frase literal que, como disse o leitor, é autoexplicativa e, acho, mais relevante que qualquer qualificação que possamos fazer. Não entendo que 'atacar' seja eufemismo para 'ameaçar'. Entendo que os sentidos são amplos, mas um ataque pode, inclusive, ser a concretização de uma ameaça. Falamos em ameaça no impresso, em coluna e ao noticiar o B.O do candidato — creio que o principal fator para qualificar é a percepção de quem se sente ameaçado e dar voz a ele não é menos, é mais. Não entendi a menção a feminicídio. Não me parece ser o caso. Falar em indiferença e ignorância seletiva sobre o tema é injusto com a história do O POVO. Quanto ao assunto em questão, penso ser legítima a divergência sobre a cobertura. Mas, o assunto é acompanhado, desdobrado, repercutido e analisado. Pode ser que as visões não agradem, mas não temos como dar ao leitor a garantia de que a opinião dos colunistas será igual à dele. A eventual discordância não creio que configure omissão dolosa".
De fato, a menção à indiferença com os feminicídios vai de encontro à trajetória do O POVO, que tem o combate à violência como uma de suas bandeiras. Basta um levantamento de matérias, colunas, artigos, vídeos e entrevistas que tenham a questão como foco.
A desastrada e perigosa fala do vereador reeleito fez lembrar episódio afim, envolvendo o ex-deputado estadual Delegado Cavalcante, que declarou: "Se a gente não ganhar nas urnas, se eles roubarem nas urnas, vamos ganhar na bala!", durante comício realizado no dia 7 de setembro de 2022. Consequência: em abril deste ano, por maioria de votos (6 x 1), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) que cassou e o tornou inelegível pelo período de oito anos.
A falta de informações sobre as possíveis punições ao vereador do PL despertou a atenção da revisora e integrante do Conselho de Leitores do O POVO 2024, Marilene Pinheiro. "Ninguém nem fala sobre possíveis punições a esse vereador! Recém-reeleito e não se importa com o crime praticado a ponto de perder o mandato? Perderia? Ficam completamente impunes, basta apresentar desculpas esfarrapadas? Senti falta desse aprofundamento".
A ver os passos seguintes, independentemente do resultado de logo mais, definindo quem estará à frente da Capital, nos próximos quatro anos.
O caso de Jeri
No último domingo, 20, foi veiculada - na versão impressa do O POVO - a primeira notícia relacionada ao imbróglio envolvendo as terras de Jericoacoara. Intitulada "Empresária reivindica área equivalente a 80% da Vila de Jericoacoara", o material informa sobre a existência de uma escritura que constata a propriedade por parte da empresária.
De lá para cá, o assunto foi pauta de conversa com o governador Elmano de Freitas (PT), no programa O POVO News, no YouTube, duas manchetes de edição, na terça-feira e na quinta-feira, reportagem de página dupla, publicação nas redes sociais e uma série de matérias no portal.
É válido considerar que, apesar de se tratar de um dos principais pontos turísticos do Estado, todo o material foi apurado à distância. Não há dúvida que percorrer os 282,9 quilômetros que separam a Capital do município fariam diferença na cobertura.
Perceber in loco o clima entre moradores e empresários seria primordial para transmitir aos leitores, ouvintes e seguidores o real impacto que a notícia tem causado na região.
O programa Fantástico, da Rede Globo, pensou dessa forma e pautou repórter da equipe para ir até lá. Desde quinta-feira, 24, está no ar a chamada para a edição deste domingo, 27: "Confusão no paraíso: quem é a mulher que afirma ser dona de 80% das terras de Jericoacoara, no Ceará?"
O episódio vai ao encontro de outra coluna da ombudsman publicada há quatro meses e intitulada "O POVO não presente". À época, o enfoque era a chacina que resultou na morte de sete pessoas, em Viçosa do Ceará, a 349,9 quilômetros da Capital.
Reproduzo, portanto, um mesmo parágrafo escrito em junho, mas que cabe, tranquilamente, neste contexto: "A falta que o 'in loco' faz. Observar, apurar, questionar. Somente assim, é possível apresentar uma cobertura completa, seja lá qual for o tema. Observar, apurar, questionar. Somente assim, é possível apresentar uma cobertura completa, seja lá qual for o tema".
Antonio Cícero
A morte do poeta e compositor Antonio Cícero foi noticiada na manhã da última quarta-feira, 23. Erroneamente, uma série de veículos nacionais, incluindo O POVO, publicou que o artista havia praticado a eutanásia na Suíça, onde o procedimento seria permitido. Duas falhas: o país não permite tal prática e o que ocorreu foi uma morte assistida, também conhecida como suicídio assistido. Uma oportunidade para esclarecer as diferenças entre ambas, assim como cuidados paliativos, por vezes, interpretados como tal.
Segundo ponto: poucas horas após sua partida, a carta que ele havia endereçado aos AMIGOS foi lida e publicada em tudo quanto é portal, mídias sociais e rádios. De novo, incluindo as plataformas do O POVO. Algo questionável!
Para fechar: a cobertura do dia seguinte acerca da morte do artista ocupou tímido espaço na editoria Farol. Sem dúvida, Antonio merecia espaço no Vida & Arte ou uma página especial no primeiro caderno.
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