É doutora em Educação pela UFC. Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro
É doutora em Educação pela UFC. Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro
O dia 25 de novembro foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como dia internacional para eliminação da violência contra a mulher.
O anuário da ONU, em 2023, revelou que houve um aumento da violência contra a mulher em todos os continentes, segundo o documento, mais de 51 mil pessoas do gênero feminino foram mortas por seus parceiros ou membros da família.
No dia 26 de novembro, portanto um dia após a data que nos recorda do flagelo social, a edição do O POVO estampou em sua capa: “Ceará tem 61% das crianças em situação de pobreza fora das creches”.
É consenso que as duas graves questões sociais retratadas acima refletem omissão e ineficiência estatal na prestação de direitos que são fundamentais para uma existência plena e condizente com o nível de desenvolvimento que a humanidade atingiu.
Todavia, a maior parte dos cidadãos têm dificuldade em perceber as inter-relações existentes entre a pobreza, o descaso com a primeira infância e a violência contra a mulher.
O olhar humano, construído e fundamentado em uma perspectiva fragmentada, desaprendeu a exercitar as capacidades de analisar, julgar e sintetizar partes isoladas de uma totalidade.
O cotidiano frenético funciona como antolhos que nos deixam conectados, mas desinformados da maior parte dos assuntos relevantes, contudo, os dados referentes à violência contra a mulher nos informam que apesar do fenômeno atingir mulheres de todos os níveis sociais e de escolaridade, a maior parte das vítimas, que permanecem encarceradas em ciclos de violência, possuem baixa escolaridade e uma renda insuficiente ou até mesmo padecem de total ausência de recursos financeiros.
Na década de 1990, o Banco Mundial e outros organismos internacionais aprovaram a Declaração Mundial sobre Educação para Todos.
No preâmbulo, o documento informava que mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 milhões são meninas, não têm acesso ao ensino primário e mais de 960 milhões de adultos são analfabetos, nesse contingente 2/3 são mulheres.
Ao fim do documento, a educação das meninas é alçada à prioridade absoluta de todos os países que assinaram a declaração. Passadas mais de três décadas, as meninas continuam a ser maioria dos que estão fora da escola.
A falta de oportunidade escolar nos primeiros anos de vida acarreta consequência no desenvolvimento cognitivo, na aquisição da leitura, escrita, na capacidade de conviver com as diferenças e de assimilar habilidades comportamentais necessárias para subsistir a uma longa trajetória escolar.
Ademais, a situação de crianças fora da escola se traduz em aumento nos casos de violência sexual intrafamiliar e negligência.
O debate sobre o fim da violência contra as mulheres não pode ficar circunscrito a medidas punitivas, precisamos largar a mão de um populismo penal que relaciona direta e mecanicamente prisão com erradicação da violência.
O Brasil precisa suscitar o sentimento de valorização da escola e da educação como um todo, pois somente crianças e adolescentes educados em uma perspectiva humanista podem se tornar indivíduos pacíficos.
Desse modo, concluo que o maior antídoto contra a violência de mulheres é oportunizar a elas a realização de um projeto de vida desde a mais tenra idade. Também não é demais lembrar que o acesso à creche redunda na oportunidade de mães terem seus direitos à educação e ao trabalho assegurados.
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