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Governador Tarcísio de Freitas e o projeto educacional da direita
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É doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro de contos

Kalina Gondim política

Governador Tarcísio de Freitas e o projeto educacional da direita

Fala de Tarcísio sobre "pouca relevância" de diplomas reacende debate sobre educação
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o governador Tarcísio de Freitas causou uma polêmica ao dizer que: "O diploma, cada vez, tem menos relevância" (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil o governador Tarcísio de Freitas causou uma polêmica ao dizer que: "O diploma, cada vez, tem menos relevância"

Essa semana, durante um evento sobre a expansão do ensino técnico nas escolas de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas causou uma polêmica ao dizer que: "O diploma, cada vez, tem menos relevância".

A fala de Tarcísio não foi um equívoco pessoal é, antes de tudo, um projeto de sociedade antigo que se atualiza, mas não perde a essência. Adam Smith, autor do clássico "A Riqueza das Nações", publicado em 1776, já defendia que a instrução para os trabalhadores deveria ser ofertada em doses homeopáticas. O poder reconhece os perigos do saber.

Por esse motivo, o conhecimento será disputado, controlado e entregue em quantidades e qualidades diferentes. Nesse cenário se destaca a sonegação do saber para ampla parcela da população, que terá acesso ao conhecimento na medida das atividades que irá desempenhar.

É nesse sentido que “reformas”, como a defendida pelo ex-presidente Michel Temer, tinha como escopo suprimir do currículo do ensino médio das escolas públicas, disciplinas como arte, sociologia, filosofia e tudo mais que distanciasse os estudantes de uma postura autônoma.

É oportuno repetir que essas ideias não são pontuais e circunscritas a algumas personalidades políticas. Essa visão de educação é um projeto político que percebe a finalidade de um percurso formativo com a única função de formar mão de obra barata, reproduzindo a origem social dos jovens.

O modelo de educação do governador Tarcísio de Freitas não acompanha o avanço científico da sociedade. É um modelo fragmentado, empobrecido e incapaz de oferecer um contraponto à alienação social.

A percepção de que não precisamos de diplomas ultrapassa os discursos políticos. Ela está presente na fala de muitos influencers e líderes religiosos.

É notória a tentativa de hegemonizar o discurso de que a educação, notadamente a superior, é um mal a ser combatido em nossa sociedade. Do palanque político ao púlpito religioso a ordem é atacar a universidade, o conhecimento e a ciência.

Triste o fim de uma sociedade que abdicou de investir em um projeto de educação, colocando em seu lugar a panaceia da segurança pública. Desse modo, permanece viva a frase: “Quem não investe em escola vai ter que investir em presídio!”.

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